Por: @judeusverdadeiros (última atualização: 17 dez 2023)
Após extensas pesquisas, alguns estudiosos como William J. Tighe – professor associado de História na Muhlenberg College, em Allentown, Pensilvânia – concluíram que: a data de 25 de dezembro na verdade surgiu inteiramente a partir dos esforços dos primeiros cristãos para tentar determinar a data histórica do nascimento de Yeshua o Messias (Jesus Cristo) e que "a famosa festa do 'Nascimento do Sol Invicto' ”, possivelmente surgiu posteriormente em Roma, como uma tentativa de criar uma alternativa pagã para uma data que já era importante para a comunidade cristã primitiva. Ou seja: não foram os cristãos que se apropriaram e deram novo significado uma data festiva pagã, mas os pagãos é que tentaram, sem sucesso, se apropriar de uma data cristã!
Nos escritos dos primitivos, podemos verificar que o Natal (dia do nascimento de Yeshua o Messias), em algumas comunidades – como na igreja de Jerusalém – era celebrado junto com a Epifania (6 de janeiro). Porém, também é fato que, no século IV, em muitas dioceses – a exemplo de Roma, Constantinopla e Antioquia – já era costume celebrar o Natal no dia 25 de dezembro. João Crisóstomo, bispo de Antioquia, fundamentava essa Tradição no cálculo sobre a data em que Zacarias recebeu o anúncio do Anjo Gabriel enquanto oficiava no Templo de Jerusalém (Patrologia Graeca, XLVIII, 752, XLIX, 351). Ou seja, a celebração do dia de Natal não tem nada a ver com a suposta substituição de festividades pagãs!
“Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de ABIAS; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, NA ORDEM DA SUA CLASSE, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume” (Lc 1,5.8-9).
Pois bem, mas quando era o turno da classe de Abias?
No Primeiro Livro de Crônicas (1Cr 24,1-7.19), está estabelecida a ordem das 24 classes sacerdotais. Cada uma das classes deveria servir duas vezes ao ano, por uma semana, de sábado a sábado. A ordem sorteada e imutável foi a seguinte:
1a.) Joiarib, 2a.) Jedei, 3a.) Harim, 4a.) Seorim, 5a.) Melquia, 6a.) Maimã, 7a.) Acos, 8a.) ABIAS, 9a.) Jesua, 10o.) Sequenia, 11a.) Eliasib, 12a.) Jacim, 13a.) Hofa, 14a.) Isbaab, 15a.) Belga, 16a.) Emer, 17a.) Hezir, 18a.) Afses, 19a.) Fetéia, 20a.) Ezequiel, 21a.) Jaquim, 22a.) Gamul, 23a.) Dalaiau, 24a.) Maziau.
Alguns irmãos se apegam a esta ordem, alegando que não corresponde a uma possibilidade de que o Natal fosse em dezembro, pois o ano religioso judaico, começando por volta de março, daria ao oitavo turno, provavelmente, o final do mês de junho, começo do mês de julho. Daí, fazendo os cálculos, Yeshua o Messias teria nascido em finais de setembro, inícios de outubro, pela festa dos Tabernáculos.
CONTUDO, ninguém se pergunta se a ordem dos turnos, nos tempos de Cristo, estava estabelecida exatamente assim. A pergunta é razoável, pois, desde os tempos da construção do Templo, o culto já havia sido interrompido diversas vezes, e um descompasso entre os turnos e o calendário poderia ter-se dado. E, por incrível que pareça, foi isso mesmo que aconteceu! É o que constatou Annie Jaubert, uma especialista francesa. Por outro lado, o especialista Shemarjahu Talmon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, trabalhou sobre os escritos de Qumram e sobre o calendário do Livro dos Jubileus, e CONSEGUIU PRECISAR A ORDEM SEMANAL DOS 24 TURNOS. Na lista que o Prof. Talmon reconstruiu, O SEGUNDO TURNO DE ABIAS CORRESPONDIA AOS DIAS DE 24 A 30 DE SETEMBRO.
Portanto, quando Lucas recolhe essa indicação, sendo ele um atencioso narrador da história, nos dá a possibilidade de reconstruir a data histórica do nascimento de Yeshua o Messias.
AGORA, RESTA-NOS FAZER AS CONTAS.
O anúncio do nascimento de João Batista seria no dia 24 de setembro (no calendário ortodoxo, esta festa se celebra no dia 23 de setembro). NOTE-SE QUE ESTA FESTA É MUITO ANTIGA NA TRADIÇÃO DA IGREJA ORIENTAL;
seis meses depois, seria o anúncio do anjo Gabriel à Maria sobre a gravidez, no dia 25 de março (festa litúrgica da ANUNCIAÇÃO);
três meses depois, o nascimento de João Batista (dia 24 de junho, festa litúrgica do seu natal);
e seis meses depois, 25 de dezembro, o nascimento de Yeshua o Messias (Solenidade do Natal do Senhor).
Portanto, essas teorias de que o Natal surgiu para cristianizar a festa pagã do “SOL INVICTO”, do solstício de verão etc., não tem muito fundamento.
Mais importante ainda, não há nenhum registro histórico para uma celebração do Natalis Sol Invictus em 25 de dezembro antes de 354 d.C. depois de Cristo.
Dentro de um manuscrito iluminado do ano de 354 d.C, há uma entrada de 25 de dezembro de leitura "N INVICTI CM XXX." Aqui N significa “natividade”. Invicti significa “do Invicto”. CM significa “circenses missus” ou “jogos ordenados.” o XXX numeral romano é igual a trinta. Assim, a inscrição significa que trinta jogos foram encomendados para a natividade do Invicto para 25 de dezembro. Note-se que a palavra “sol” não está presente. Além disso, o mesmo codex também lista “Christus natus in Betleem Iudeae” no dia de 25 de dezembro. A frase é traduzida como “nascimento de Cristo em Belém da Judéia.”[3]
A data de 25 de dezembro só se tornou o “Aniversário do Sol Invicto” sob o imperador Juliano o Apóstata.
Juliano, o Apóstata que tinha sido um cristão, mas que havia apostatado e retornou ao paganismo romano. A história revela que ele foi um ex-imperador cristão odioso que erigiu um feriado pagão em 25 de dezembro. Pense nisso por um momento. O que ele estava tentando substituir? Estes fatos históricos revelam que o Sol Invicto não era provavelmente uma divindade popular no Império Romano. O povo romano não precisava ser tirado de um chamado “feriado antigo”. Além disso, a tradição de uma celebração em 25 de dezembro não encontra lugar no calendário romano até depois da cristianização de Roma. O feriado do “Aniversário do Sol Invicto” era pouco tradicional e pouco popular. A saturnália era muito mais popular, tradicional e divertida. Parece, antes, que Juliano, o Apóstata tinha tentado introduzir um feriado pagão, a fim de substituir o cristão! Ou seja, ao invés do cristianismo tentar copiar uma festa pagã, foram os pagãos que tentaram substituir uma festa Cristã.
Da vontade até de ri quando se fala que o filho de Deus não pode nascer no inverno mas vamos aos fatos, quem faz esta objeção acha que a palestina tem um inverno tal qual a Europa. Vale lembrar que a Palestina não é a Inglaterra, Rússia, ou Alasca. Belém está situada na latitude de 31.7. Dallas, no Texas tem latitude de 32,8, e ainda é bastante confortável do lado de fora em Dezembro. Como o grande Cornelio em uma Lapide observa durante sua vida, ainda se podia ver pastores e ovelhas nos campos da Itália durante o final de dezembro, e a Itália tem maior latitude que Belém.
Podemos ver no site do accuweather, um dos mais respeitados sites de meteorologia do mundo, que a temperatura média de Jerusalém no mês de Dezembro varia entre 10 e 20 ºC em todo o mês de Dezembro. Claro que estamos falando de 2015 anos de diferença, porém por projeção e sabendo que não houve uma drástica mudança climática em Jerusalém neste tempo, podemos afirmar que esta era a temperatura média que Maria e José enfrentavam quando Yeshua o Messias nasceu. Em outros locais com temperatura menor que esta, várias atividades são feitas normalmente, nada impediria pastores estarem com seus rebanhos no campo, mesmo levando em conta a temperatura mínima e mesmo que houvesse neve. Podem pesquisar como vários pastores cuidam e cuidavam de ovelha na neve.
A Bíblia confirma plenamente a capacidade de pastores estarem nos campos, vigiando seus rebanhos em dezembro. Refere-se especificamente que Jacó vigiava rebanhos de Labão pela geada do inverno à noite (Gn 31, 40). Pesquisem fotos de Belém no inverno como pode ser visto nas fotos pesquisadas, o clima é perfeitamente adequado para estar do lado de fora. Por isso, não há simplesmente nenhuma base para essa objeção.
O Natal é um feriado muito amado, celebrado por bilhões de pessoas em todo o globo. Só nos Estados Unidos, o Pew Research Center relata que cerca de 96% da população comemora o Natal, incluindo oito em cada dez não cristãos, incluindo ateus, agnósticos, e aqueles que não têm compromisso de fé (1). No entanto, o Natal também é uma festividade cristã única; sua mensagem central é sobre um Deus pessoal que toma sobre Si a humanidade e entra no mundo para redimir os seres humanos pecadores que nunca poderiam redimir-se. A mensagem cristã é inevitável.
Eu acredito que o amor do Natal juntamente com a aversão ao cristianismo é uma razão pela qual os ateus continuam a repetir a afirmação de que o Natal é uma redefinição de um feriado pagão romano. Dois dos feriados pagãos mais populares que apresentam são a celebração da Saturnália, que homenageava o deus romano Saturno, ou os dies natalis de Sol Invictus, que é o “Aniversário do Sol Invencível”. Estas celebrações eram realizadas na segunda quinzena de dezembro, tornando-as um pouco perto do Natal.
Olhando para a história de Natal
A alegação de que as raízes de Natal são pagãs são umas dessas estórias que ouço uma e outra vez, especialmente em dezembro. A ideia não é nova. Os puritanos da Nova Inglaterra, que valorizavam o trabalho mais que celebração, ensinou isso (2). O pregador puritano Increase Mather pregou que “os primeiros cristãos que guardavam a Natividade em 25 de dezembro não o faziam pensando que ‘Cristo nasceu naquele mês, mas porque a festa pagã da Saturnália era praticada naquela época manteve em Roma, e eles estavam dispostos a ter essas festas pagãs transformadas em festas cristãs'”.(3)
No entanto, quando estudamos a história verdadeira, vemos uma imagem muito diferente. Há duas maneiras de abordar a questão: uma é ver como o 25 de dezembro tornou-se associado com a Natividade, que é como a igreja primitiva teria referido o dia do nascimento de Cristo. A outra é olhar para as comemorações das Saturnálias e do Sol Invictus. Qualquer abordagem mostra a natureza dúbia da alegação de que Natal tem raízes pagãs. Grande parte do impulso da alegação de que o “Natal é pagão” repousa sobre a ideia de uma Roma cristianizada tentando converter uma população que não queria desistir de suas tradições de festas, semelhante à prática de igrejas que comemoram um “Festival da Colheita” em vez do Halloween. No entanto, estudiosos como TC Schmidt, da Universidade de Yale, estão descobriram que a data de 25 de dezembro é muito mais antiga na história cristã.
Ao traduzir o “Comentário de Daniel”, de Hipólito, escrito pouco depois de 200 d.C., Schmidt salienta que cinco dos sete manuscritos contêm 25 de dezembro como a data para o nascimento de Yeshua o Messias e outro oferece o dia 25 de dezembro ou março (4). Clemente de Alexandria, nesta mesma época, oferece a data de 25 de março como a data da encarnação, que é a concepção de Yeshua o Messias, em sua Stromata(1.21.145-146) (5). As duas obras afirmam a ideia de que a morte de Yeshua o Messias teria acontecido no mesmo dia que sua concepção.
Natal e Páscoa são ligadas
Esta é a chave para a data de 25 de dezembro. Como Thomas Tulley afirma em seu livro As Origens do Ano Litúrgico, havia uma crença dentro da igreja primitiva que a data da morte de Yeshua o Messias também iria refletir tanto o seu nascimento ou a sua concepção (6). Agostinho escreveu sobre isso, dizendo “É crido que ele foi concebido no dia 25 de março, dia em que também ele sofreu; de modo que o seio da Virgem, no qual ele foi concebido, onde ninguém dos mortais foi gerado, corresponde à nova sepultura na qual ele foi enterrado, na qual ninguém havia sido posto (Jo 19,41), nem antes nem depois dele. Mas ele nasceu, segundo a tradição, em 25 de dezembro”. (7)João Crisóstomo, em seus escritos, vai ainda mais longe, observando que o anúncio da concepção de Maria pelo Anjo Gabriel aconteceu enquanto Isabel estava grávida de seis meses com João Batista (Lucas 1,26). Crisóstomo afirma que o serviço de Zacarias foi no Dia da Expiação, fazendo assim a concepção de João Batista acontecer no outono. Adicione seis meses e a concepção de Yeshua o Messias cai na primavera, por exemplo, 25 de março. Eu não sei se este cálculo é historicamente exato, mas mostra o quanto a igreja primitiva unia os dois eventos. A ideia de escolher aleatoriamente uma data pagã parece uma ideia muito falha.
Aqui está o fato. Se os cristãos estavam reconhecendo o nascimento de Cristo até o início do terceiro século, faz sentido pensar que isto foi uma invenção do quarto século para convencer a população romana para abraçar o cristianismo? O cristianismo foi ganhando terreno na época de Clemente, mas de nenhuma maneira estava fora da sombra da perseguição. Ele também não estava emprestando muitos dos costumes pagãos na época. Então, por que acreditar que fariam isto com esta data?
A fim de obter um quadro mais completo, temos de olhar para os feriados romanos e suas histórias.
Fontes:
TIGHE. William J. Calculating Christmas. Site Touchstone
LATTIER, Daniel. The Myth of the Pagan Origins of Christmas. Site Intellectual Takeout
JAUBERT, Annie. Le calendrier des Jubilées et de la secte de Qumran. Ses origines bibliques, in Vetus Testamentum”. Suppl. 3 (1953) pp. 250-264.
JAUBERT, Annie. Calendario di Qumran, in Enciclopedia della Bibbia 2. (1969) pp. 35- 38.
JAUBERT, Annie. La date de la Cène,Calendrier biblique et liturgie chrétienne, Études Bibliques, Paris 1957.
TALMON, Shemarjahu. The Calendar Reckoning of the Sect from the Judean Desert. Aspects of the Dead Sea Scrolls, in Scripta Hierosolymitana. vol. IV, Jerusalém 1958, pp. 162-199.
FEDERICI. Tommaso. “25 dicembre, una data storica”. artigo da Revista “30 giorni”. 11/2000.
Referências
1. Mohammed, Besheer. “Christmas Also Celebrated by Many Non-Christians.” Pew Research Center. Pew Research Center, 23 de dezembro de 2013. Web. 14 de dezembro de 2015.http://www.pewresearch.org/fact-tank/2013/12/23/christmas-also-celebrated-by-many-non-christians/.
2. Schnepper, Rachel N. “Yuletide’s Outlaws.” The New York Times. The New York Times, 14 de dezembro de 2012. Web. 15 Dec. 2015. http://www.nytimes.com/2012/12/15/opinion/the-puritan-war-on-christmas.html?_r=0
3. Nissenbaum, Stephen. The Battle for Christmas. New York: Alfred A. Knopf, 1996. Print. 4.
4. Schmidt, T.C. “Hippolytus and the Original Date of Christmas” Chronicon.net. T.C. Schmidt. 21 de novembro de 2010. Web.http://web.archive.org/web/20130303163053/http://chronicon.net/blog/chronology/hippolytus-and-the-original-date-of-christmas 16 Dec 2015.
5. Schmmidt, T.C. “Clement of Alexandria and the Original date of Christmas as December 25th.”Chrinicon.net. T.C. Schmidt. 17 de dezembro de 2010. Web.http://web.archive.org/web/20120822053409/http://chronicon.net/blog/hippolytus/clement-of-alexandria-and-the-original-date-of-christmas-as-december-25th/ 16 de dezembro de 2015.
6. Talley, Thomas J. The Origins of the Liturgical Year. New York: Pueblo Pub, 1986. Print. 91ff.
7. Augustine of Hippo. On the Trinity, IV, 5. Logos Virtual Library. Trans. Arthur West Haddan. Darren L. Slider, n.d. Web. 16 de dezembro de 2015. http://www.logoslibrary.org/augustine/trinity/0405.html.
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Fonte: http://apologetics-notes.comereason.org/2015/12/no-christmas-is-not-based-on-pagan.html