sexta-feira, 25 de julho de 2025

Judaísmo e Cristianismo podem combinar?





Talvez você não saiba, mas o Judaísmo e o Cristianismo têm mais em comum do que você possa imaginar.

Tanto o Judaísmo quanto o Cristianismo existiram e foram praticados com diversas semelhanças, veja:
  • Ambos existiram na região da Judéia (Judah).
  • Ambos eram chamados judeus com outros povos.
  • Ambos acreditavam e acreditam em um único Deus Onipotente, Onipresente e Onisciente.
  • Ambos acreditavam e acreditam em um Deus amoroso e verdadeiramente justo.
  • Ambos acreditavam e acreditam na vinda de um Messias prometido.
Agora as principais diferenças:
  • A crença em Jesus Cristo (Yeshua o Messias).
  • A interpretação do Antigo Testamento em algumass passagens.
E ainda sim, muitos judeus no passado desde os tempos de Yeshua o Messias (Jesus Cristo) se converteram, se convertem até hoje, e se converterão até o fim dos tempos!

Ah mas o "Cristianismo" é desviado, idólatra, romanista, etc... Isso não é exatamente uma verdade absoluta, os discipulos de Yeshua eram chamados de "cristãos" como atesta o próprio Novo Testamento em Atos 11:26 ; 26:28 e 1ª Pedro 4:16.

Então siga: @judeusverdadeiros e @cristianismohumilde que são ambos dois movimentos criados com o mesmo propósito: levar a verdade do Messias Yeshua (Cristo Jesus) para o máximo de pessoas possível!

"Deus e a trindade" são conceitos contraditórios?

"Deus e a trindade" são conceitos contraditórios?

Resposta: Deus pode estar em 2 lugares ao mesmo tempo? Sim, com certeza não é mesmo? Apenas se você negar a onipresença de Deus então é impossível Deus estar em 2 lugares ao mesmo tempo (opa enviei sem querer, ainda estou escrevendo a resposta). Continuando... Se confirmamos que Deus pode estar em 2 ou mais lugares ao mesmo tempo, será que Deus pode ter 1 ou mais papeis diferentes na salvação?

  • Será que Deus pode ser Pai e Filho ao mesmo tempo?
  • Será que Deus pode ser Senhor e servo ao mesmo tempo?
  • Será que Deus pode ter forma e não ter ao mesmo tempo?
  • Será que Deus poderia se revelar e se ocultar?
  • Ser bom e "ruim" ao mesmo tempo?
  • Seriam todas essas possibilidades "contradições"?

As Escrituras e a própria vivência nos ensinam que: não!

Em diversas ocasiões Deus se revela e se oculta conforme sua própria vontade. Foi visto face-a-face (Deuteronômio 34:10) e Nunca foi visto ninguém (1 João 4:12). Faz o bem e produz o mal (justamente) (Isaias 45:7).

Deus além de onipresente, é ONIPOTENTE!

E o que isso significa? Uma frase atribuída a Albert Einstein é: "chega de dizer o que Deus pode ou não pode fazer" (judeu e um dos maiores cientistas do mundo, conhecido por inventar a "teoria geral da relatividade").

Em teoria a onipotência é a capacidade de fazer tudo, inclusive: "criar uma pedra tão pesada que ele não pode levantar" ou mesmo: "Se destruir e depois renascer".

Com o avanço da ciência e do conhecimento, o conceito de "superposição quântica" claramente pode se encaixar para explicar um pouco melhor a "natureza divina", onde Deus pode ter 2 realidades diferentes ao mesmo tempo.

Obviamente são assuntos diferentes, já que a superposição quântica se trata de "eletróns" e "estados da matéria", mas embora a extra-dimensionalidade seja algo que humanos não possam acessar "naturalmente", Deus que é sobre-natural pode.

Algumas pessoas podem argumentar (como já argumentaram): "a trindade é um conceito católico", embora tenha se popularizado através da religião "romana", este conceito é visto anteriormente e posteriormente entre judeus e não-judeus de diversas formas e interpretações.

Leia mais em: https://sites.google.com/view/judeusverdadeiros/ARTIGOS/yeshua-%C3%A9-deus-elohim?

Enfim, a verdade parece ser mais clara e óbvia a cada avanço científico e do conhecimento. Shalom.


Judaísmo: Puro, Simples, Verdadeiro e Resumido


(Menorá Yeshua)

Um verdadeiro judeu deve buscar ser um seguidor e cumpridor dos ensinamentos de Deus através do Messias, que no caso, nós que estudamos profundamente as Escrituras de maneira honesta buscando respostas sabemos que foi revelado através: "Jesus Cristo" (o único Messias possível, para saber mais sobre isso leia: Mais de 50 falsos messias judeus e 365 profecias que apenas Yeshua o Messias (Jesus Cristo) cumpre!), o nome aportuguesado, mas que originalmente em hebraico e aramaico é: 'Yeshua' que significa basicamente: "a salvação, a libertação de Deus", e para isso é necessário entender e estudar quais são as fontes e ensinamentos mais importantes e básicos, ou seja, que: são a base de toda "a vida judaica/cristã".

E quais são estas fontes e ensinamentos? 

Estes ensinamentos estão principalmente nas Escrituras do "Antigo e Novo Testamentos", ou em hebraico e grego: הַבְּרִית הַחֲדָשָׁה (HaBrit HaChadashah) e Καινή Διαθήκη (Kainé Diathékē): "Nova Aliança". 

  • Καινή (Kainé) significa "novo", no sentido de algo renovado ou inédito.
  • Διαθήκη (Diathékē) pode ser traduzido como "aliança", "pacto" ou "testamento", referindo-se a um acordo formal ou promessa.

Essa expressão reflete a ideia central da teologia judaico-cristã de uma Nova Aliança entre Deus e a humanidade por meio de Jesus o Cristo (Yeshua o Messias). 

*Antes de continuar, acredito que seja importante apenas uma breve reflexão sobre o nome: "Jesus", e "os títulos": "Cristo" e "Messias"!

1) Por que o nome "Jesus" ficou mais conhecido ou popular no mundo do que o nome "Yeshua"?

Embora o próprio Jesus tenha nascido em Belém na Judeia, e onde os principais idiomas falados pela sua comunidade fossem o hebraico e o aramaico, aquela região e boa parte do mundo "civilizado" estava dominado pelo Império Romano, o qual o principal idioma era: o latim.

Então em resumo, o nome "Jesus" seria algo como a "latinização" do nome "Yeshua"? 
- Sim, para mais explicações ainda sobre o nome "Jesus" leia o nosso artigo: Jesus ou Yeshua?

2) Sobre os títulos: 

A palavra Cristo vem do grego Χριστός (Christós), que significa "ungido". Já Messias tem origem no hebraico מָשִׁיחַ (Mashiach), que também significa "ungido". Ou seja, Cristo e Messias são palavras equivalentes

No mundo antigo as pessoas eram ungidas geralmente em uma cerimônia religiosa, para designá-la para um ofício especial ou um propósito divino. Essa prática é uma tradição rica e antiga, presente em diversas culturas e religiões. As razões para isso são multifacetadas e incluem:

1. Consagração e Santificação

A unção era um ato de consagração, que significava "separar" algo ou alguém do uso comum e dedicá-lo a um propósito sagrado. O óleo, muitas vezes perfumado e considerado puro, simbolizava a limpeza, a purificação e a santidade. Ao ser ungido, o indivíduo ou objeto era ritualmente tornado sagrado e apto para interagir com o divino.

2. Transferência de Autoridade e Poder Divino

Acreditava-se que a unção conferia ou simbolizava a transferência de poder, autoridade e bênção divina.

  • Reis: No Antigo Israel e em outras monarquias antigas do Oriente Próximo, reis eram ungidos como um sinal da escolha e bênção de Deus para governar. A unção os legitimava como líderes divinamente nomeados, e frequentemente se acreditava que o Espírito do Senhor repousava sobre eles após a unção, concedendo-lhes sabedoria e força.
  • Sacerdotes: Sacerdotes eram ungidos para seu ofício, simbolizando que eles eram separados para servir a Deus e mediar entre Deus e o povo. Isso lhes dava a autoridade para realizar rituais e sacrifícios.
  • Profetas: Em alguns casos, profetas também eram ungidos, indicando que eram inspirados e capacitados pelo Espírito de Deus para entregar Sua mensagem.
3. Cura e Proteção

Em muitas culturas antigas, o óleo não tinha apenas propósitos rituais, mas também era usado por suas propriedades medicinais e protetoras.

  • Saúde: O óleo era frequentemente aplicado em feridas e doenças, e havia a crença de que ele poderia afastar espíritos malignos ou influências que causavam enfermidades. A unção, nesse sentido, unia a fé e a prática médica da época.
  • Proteção: A unção poderia ser vista como um escudo contra o mal, selando a pessoa com uma "boa" influência e resistindo à corrupção ou ataques espirituais.

4. Honra e Hospitalidade

Ungir alguém também era um sinal de grande honra e hospitalidade. Em culturas antigas, especialmente em climas secos, o óleo era um bem precioso. Oferecer a um hóspede a unção com óleo (muitas vezes perfumado) após uma longa viagem era um gesto de boas-vindas, refrescamento e distinção.

5. Simbolismo e Identificação

O ato físico de aplicar o óleo servia como um símbolo tangível de uma realidade espiritual ou social invisível. A pessoa ungida era visivelmente marcada como alguém com um status ou propósito especial, tanto para a comunidade quanto para si mesma. Isso reforçava sua identidade e sua relação com o divino.

Em resumo, a unção no mundo antigo era uma prática multifuncional que entrelaçava aspectos religiosos, sociais e práticos. Ela servia para consagrar, conferir autoridade, promover cura, demonstrar honra e simbolizar uma conexão profunda entre o indivíduo e o sagrado ou seu propósito divino.

Agora que entendemos tudo isso, vamos voltar ao assunto principal deste artigo ok?

Quais são os ensinamentos mais importantes e básicos do Judaísmo e do Cristianismo?

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. 
João 15:12,13

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo conhecimento, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. 
1 Coríntios 13:8-13


Bem, existem outros trechos que demonstram que o AMOR é o ensinamento principal do Cristianismo, mas por que parece que as pessoas e as mais "diversas religiões cristãs" fazem uma grande tempestade em um copo d'água em torno disso se parece ser algo tão "simples"?

Realmente "amar" embora pareça algo tão "simples", pode não ser.

- Será que nós sabemos "amar"? 

- Será que nós temos "a capacidade de amar como Deus nos amou (desde o início) e ama"?

Acredito que estas são 2 das principais questões que podem nortear toda a "essência resumida" do Cristianismo, de maneira que devemos inclusive aprender como: "amar os nossos inimigos" conforme Jesus nos ensinou: 

Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus. 
Mateus 5:43-48


E assim, quando você pergunta para uma pessoa que conhece minimamente o Cristianismo, a seguinte questão, que pode ser uma técnica inclusive para encerrar ou se desviar de conversas infrutíferas: 

- Se você pudesse resumir o Cristianismo em uma única palavra, qual seria?

Acredito que a maioria diria "AMOR", não é mesmo? 

Então se você estiver em uma conversa que parece estar sendo infrutífera ou se desviando do propósito, realize esta pergunta para si mesmo, e para a(s) outra(s) pessoa(s) com que estiver conversando, e se for necessário complemente com: "Será que estamos imitando o amor de Cristo com essa conversa?"

Em outras religiões esse tipo de "acontecimento" talvez não seja possível, por exemplo, se você fizer o mesmo questionamento para outras religiões ("se você pudesse resumir a sua religião em uma palavra, qual seria"), possivelmente as respostas serão as seguintes:

- Hinduísmo: "devoção"
- Budísmo: "renúncia"
- Islamísmo: "obediência"
- Judaísmo sem Yeshua: "mandamentos"
- Religiões do Nova Era: "iluminação"
- Religiões cientificistas: "conhecimento"

Enfim, estas seriam as possíveis respostas, mas isso pode variar de pessoa para pessoa, e como uma pessoa pode entender determinada religião, contudo ainda, talvez diferentemente de outras religiões, a salvação de Deus no Cristianismo é pela misericórdia e graça de Deus sem que dependa das obras ou mesmo da vontade humana.

De modo que se para uma religião talvez uma pessoa que não creia em Deus (ateísmo-agnosticismo), seja considerada já como "condenada ao inferno", dentro do Cristianismo o jugalmento que Deus irá realizar não é simplista, mas analisará todo o contexto de vida daquela pessoa, pois está Escrito:

"A quem muito é dado, muito será requerido" (Lucas 7:47; 12:48; 16:10...)

Então se você é uma pessoa esclarecida, que sabe a vontade de Deus e tem capacidade para diferenciar o que é bom do ruim, e é capaz de seguir o caminho do bem, o seu julgamento será feito de maneira diferente daquele que não o conhecimento ou as capacidades de entendimento. 

Ah, então não é melhor permanecer na ignorância?

Deus também vai julgar de maneira justa as pessoas que buscaram entendimento daquelas pessoas que nem sequer tentaram buscar. Deus julgará tudo de maneira precisa e justa. E por Deus ser Deus, ser onisciente (saber todas as coisas) e ser onipotente (ter todo o poder) Ele é o único que poderá realizar esse julgamento de maneira perfeita.

Bem, de maneira super resumida, acredito que a explicação das doutrinas centrais da religião cristã sejam basicamente estas, mas obviamente ainda existem muitos assuntos sobre: 

  • "o primeiro pecado" (no Eden), 
  • "a trindade",
  • "o batismo",
  • "mandamenos"
  • etc...
Além de uma infinidade de outros assuntos secundários, mas de acordo com as próprias palavras das Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos, acredito que posso encerrar este artigo de maneira um tanto satisfatória com os seguintes versos:

Procurou o pregador achar palavras agradáveis; e escreveu-as com retidão, palavras de verdade. As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor. E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer muitos livros, e muito estudo é enfado da carne. De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau. 
Eclesiastes 12:10-14 (versos finais do mesmo livro)

E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração. Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. Sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurações, cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons mordomos da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém
1 Pedro 4:7-11

Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. 
João 13:34,35

E o seu mandamento é este: Que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo nos deu mandamento. E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado. 
1 João 3:23,24

Porque este é o amor de Deus: Que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados. 
1 João 5:3

A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor. 
Romanos 13:8-10

Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 
Gálatas 5:14

Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. 
Gálatas 6:2

E para "finalmente finalizar" este artigo vamos apenas analisar um trecho muito importante do seguinte verso abaixo:


"O cumprimento da lei é o amor."
Romanos 13:10

A palavra grega antiga νόμος (nómos), embora frequentemente traduzida como "lei", possui um significado muito mais amplo e complexo que vai além de uma mera regra escrita ou estatuto. Para detalhar o significado de "lei" (nómos) em grego, é crucial entender suas nuances e o contexto filosófico e social da Grécia Antiga.

1. Lei Escrita (Estatuto, Decreto)

Este é o significado mais direto e semelhante à nossa concepção moderna de "lei". Refere-se a:

  • Legislação formal: Leis promulgadas por uma autoridade legislativa (como a assembleia ateniense) e escritas em códigos ou estelas. Essas leis eram vinculativas e aplicáveis a todos os cidadãos.
  • Decretos e ordenanças: Regras mais específicas ou temporárias.
  • Exemplo: As leis de Sólon ou Drácon em Atenas seriam nomoi.
2. Costume, Uso, Tradição (Lei Não Escrita)

Este é um dos aspectos mais importantes e que diferencia nómos de nossa "lei" moderna. Refere-se a:

  • Normas sociais e éticas: Práticas e comportamentos que eram amplamente aceitos e seguidos na sociedade, mesmo sem estarem formalmente escritos. Eram transmitidos oralmente de geração em geração.
  • Tradições religiosas e rituais: Modos estabelecidos de adoração, celebração e comportamento religioso.
  • Regras morais: Princípios de certo e errado que guiavam a conduta individual e coletiva, muitas vezes enraizados na cultura e na história de uma pólis.
  • Exemplo: A Antígona de Sófocles explora o conflito entre o nómos (lei da cidade) e as "leis não escritas" (costumes divinos e familiares).
3. Ordem, Arranjo, Distribuição

Nómos deriva do verbo némein (νέμειν), que significa "distribuir", "atribuir", "repartir", "governar". Essa raiz implica um senso de:

  • Ordem natural ou cósmica: A maneira como o universo e a sociedade estão arranjados de forma ordenada e esperada. Pindaro, por exemplo, chegou a personificar Nomos como o "rei de todos, mortais e imortais", sugerindo uma ordem universal que tudo governa.
  • Organização social: A estrutura e a organização de uma comunidade ou cidade-estado (pólis).
  • Distribuição de terras ou bens: Como as coisas são repartidas ou administradas.
4. Melodia, Tonalidade (Música)

Curiosamente, nómos também podia se referir a um tipo de melodia ou composição musical padronizada, especialmente aquelas para lira ou flauta. Isso reforça a ideia de "ordem" e "estrutura" inerente ao termo.

O Debate Nomos x Physis

Um dos debates filosóficos mais significativos na Grécia Antiga, especialmente com os sofistas, era a antítese entre nómos (lei, convenção, costume) e physis (natureza).

  • Physis (φύσις): Representava o que é natural, inato, universal, aquilo que existe por sua própria essência, independente da intervenção humana (como a gravidade, a necessidade de comer, etc.).
  • Nomos (νόμος): Representava o que é artificial, convencional, criado pelos humanos, variável de uma sociedade para outra.

Os sofistas, em particular, exploravam essa dicotomia. Alguns argumentavam que o nómos era uma invenção humana para controlar os mais fortes ou para manter a ordem, podendo ser contrária à physis (por exemplo, as leis que restringem a liberdade natural do indivíduo). Outros, como Platão e Aristóteles, tentaram reconciliar os dois, argumentando que um nómos justo deveria estar em harmonia com a physis, ou seja, as leis humanas deveriam refletir uma ordem moral ou natural superior.

Portanto, quando um grego antigo usava a palavra nómos, ele poderia estar se referindo a:
  • Uma lei escrita específica.
  • Um costume ou tradição enraizada na sociedade.
  • Uma ordem ou arranjo subjacente a algo.
  • Em um contexto mais amplo, uma norma que governa a conduta humana, seja ela estabelecida por convenção ou refletindo uma ordem mais profunda.

A polis grega era profundamente moldada por seus nomoi, que eram vistos como essenciais para a sua identidade, estabilidade e bem-estar. O respeito pelos nomoi (eusebeia) era uma virtude cívica e religiosa fundamental.

Da mesma forma palavra תּוֹרָה (Torá) em hebraico é um termo central no judaísmo e possui um significado muito mais profundo e abrangente do que a simples tradução para "lei".

Para detalhar o significado de "Torá", é importante considerar suas diversas camadas:

1. Significado Literal e Etimológico: Instrução, Ensinamento, Direção, Guia

A palavra "Torá" deriva da raiz hebraica יָרָה (yarah), que significa:

  • Lançar/Atirar (como uma flecha): Implica a ideia de "apontar o caminho" ou "direcionar para um alvo".
  • Ensinar, instruir: Este é o sentido mais predominante e fundamental. A Torá é vista como a instrução de Deus para a humanidade, mostrando o caminho correto a ser seguido.
  • Direcionar, guiar: A Torá é um guia para a vida moral, ética e religiosa.

Portanto, a Torá é, em sua essência, um ensino divino que fornece direção e guia para a vida.

Relação com a "Lei"

Quando a Torá é traduzida como "Lei", isso se refere principalmente aos mandamentos (Mitzvot) contidos nela. É importante notar que, para o judaísmo, a "lei" não é apenas um conjunto de regras frias, mas sim um caminho (Halachá) para a vida, uma forma de se relacionar com Deus e de viver em santidade e retidão. É um guia para a conduta que visa aprimorar o indivíduo e a sociedade.

Abaixo algumas informações interessantes das crenças judaicas que podem diferir "um pouco" dos conceitos Cristãos:

2. A Torá Escrita (Pentateuco)

Este é o significado mais comum quando se fala de "A Torá" em um contexto específico. Refere-se aos cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica, também conhecidos como Pentateuco (do grego, "cinco livros"):

  • Bereshit (בראשית - Gênesis): Criação do mundo, patriarcas.
  • Shemot (שמות - Êxodo): Libertação do Egito, revelação no Sinai.
  • Vayikra (ויקרא - Levítico): Leis sacerdotais, rituais, santidade.
  • Bamidbar (במדבר - Números): A jornada no deserto, censo.
  • Devarim (דברים - Deuteronômio): Reafirmação da Lei, discursos de Moisés.

Estes livros contêm:

  • Narrativa histórica: A história da criação do mundo, a formação do povo de Israel, a saída do Egito e a jornada pelo deserto.
  • Mandamentos (Mitzvot): As 613 leis (mandamentos) que governam a vida judaica, abrangendo aspectos rituais, éticos, sociais e jurídicos. Exemplos incluem os Dez Mandamentos, leis alimentares (cashrut), leis de pureza, leis sobre festividades, etc.
  • Ensino moral e teológico: Princípios sobre a natureza de Deus, a aliança com Israel, a justiça, a caridade e a responsabilidade humana.
3. A Torá Oral (Torah Sheb'al Peh)

No judaísmo rabínico, a Torá não se limita apenas aos cinco livros escritos. Há também a Torá Oral, que é a interpretação, elucidação e expansão da Torá Escrita, transmitida oralmente de geração em geração. Acredita-se que esta Torá Oral foi revelada a Moisés no Sinai junto com a Torá Escrita. Ela inclui:

  • Mishná: A codificação das leis e tradições orais.
  • Guemará: Comentários e análises sobre a Mishná.
  • Talmud: A combinação da Mishná e da Guemará.
  • Midrashim: Interpretações e elaborações de textos bíblicos.

A Torá Oral é fundamental para entender como os mandamentos da Torá Escrita são aplicados e vividos no dia a dia. Por exemplo, a Torá Escrita pode dizer "Não cozinharás o cabrito no leite de sua mãe", mas a Torá Oral detalha isso para abranger a separação de todos os produtos cárneos e lácteos.

A frase completa em hebraico é תּוֹרָה שֶׁבְּעַל־פֶּה (Torah Sheb'al Peh).

Vamos quebrar o significado literal:

  • תּוֹרָה (Torah): Como já discutimos, significa "instrução", "ensinamento", "guia".
  • שֶׁ (She-): Esta é uma preposição que significa "que", "aquilo que", "o qual". É um conectivo.
  • בְּעַל (b'al ou be'al): Esta é a parte que se refere a "boca" ou "oral". A preposição "b' " (בְּ) significa "em" ou "com", e "al" (עַל) significa "sobre" ou "a respeito de". Juntas, elas formam a ideia de "sobre a boca" ou "por meio da boca".
  • פֶּה (Peh): Significa "boca".

Portanto, a tradução literal de תּוֹרָה שֶׁבְּעַל־פֶּה (Torah Sheb'al Peh) é "Torá que está sobre a boca" ou "Torá que é por meio da boca".

Na prática, isso significa "Torá Oral" ou "Lei Oral". É a instrução divina que foi transmitida e preservada através da tradição oral, de boca em boca, de geração em geração, antes de ser finalmente escrita (principalmente na Mishná e no Talmude).

A distinção é feita em contraste com a Torá Sheb'ichtav (תּוֹרָה שֶׁבִּכְתָב), que significa "Torá Escrita" ("Torá que está em escrita" ou "Torá que é por meio da escrita"), referindo-se aos Cinco Livros de Moisés.

Em resumo, "Sheb'al Peh" literalmente significa "que está sobre a boca" ou "por meio da boca", denotando a natureza oral e transmitida verbalmente dessa parte da Torá.

Recomendo a leitura do artigo: Costumes Judaicos?

4. A Torá em um Sentido Amplo (Todo o Ensino Judaico)

Em seu sentido mais amplo, "Torá" pode se referir a todo o corpo de ensino, sabedoria e tradição judaica, incluindo a Bíblia inteira (Tanakh), o Talmud, a literatura rabínica, a filosofia e a mística judaica. Neste contexto, qualquer estudo ou aprendizado de conteúdo judaico é considerado "estudo de Torá".

Em resumo, a palavra "Torá" em hebraico significa muito mais do que apenas "lei". Ela é a instrução divina, o ensinamento, o guia para a vida, manifestado nos Cinco Livros de Moisés (Torá Escrita), suas interpretações e aplicações através da Torá Oral, e, em seu sentido mais abrangente, todo o corpo da sabedoria judaica.

Uma observação: a palavra Torah aparece no pural Torot (תּוֹרוֹת) pelo menos 15 vezes para se referir a várias instruções de YHWH por exemplo: Levítico 6:9,14,25,29,30; 7:37; 11:46; 13:59; 14:54-57; 15:32-33; Números 19:14; 2 Crônicas 17:9; Jeremias 32:23; Ezequiel 43:11;  44:24.

Leia também: Antiga ou Nova Aliança

E quem dá toda e quaisquer instruções, leis, mandamentos, ordenanças, e etc?

Deus יהוה através de sua Palavra que é o Yeshua o Messias (Jesus o Cristo). 

  • Portanto para finalmente concluir: 

nós seguidores e adoradores da verdade de Deus יהוה, através da Palavra Yeshua o Messias, acreditamos que o Antigo Testamento é fundamental para entender a Nova Aliança (através das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos). Infelzimente vários anticristos (1 João 2:18) e até aqueles que se dizem discipulos de Yeshua negam a Nova Aliança, e propagam o falso ensino da "Aliança Renovada", mas este é outro assunto, para não cair nas armadilhas do mal leia a verdade sobre este assunto com explicações em Hebraico, Aramaico e Grego: https://sites.google.com/view/judeusverdadeiros/ARTIGOS/nova-ou-renovada

domingo, 29 de junho de 2025

A Verdade que não te contam sobre as instituições religiosas (finanças, doações e projetos)

 

Infelizmente muitas instituições religiosas estão longe de Deus, e muitos "líderes" buscam apenas riquezas materiais. Pedem doações para fins muitas vezes ilicitos e até criminosos! E são desde instituições grandiosas como pequenas. Para onde estão indo essas doações? Por que as contas não são abertas?

Ah mas a minha instituição é transparente e me mostra todas as contas! Será mesmo? Você tem acesso e sabe exatamente quanto tem na conta?

Por que instituições grandes e poderosas não criam um aplicativo para vigiar em tempo real quanto entra, quanto sai e para onde vai cada centavo que possui?

Porque não é "interessante" para essas instituições.

Como acabar e destruir isso?

Vamos abrir todas as contas e expor quanto entra e quanto sai, centavo por centavo, para onde vai.

Se você está cansado de toda essa abominação, junte-se ao nosso movimento!

Como vai funcionar? 

Basta que um doador sinalize que quer colaborar com este projeto, com um: "eu quero", então ao doador recebe um fomulário com apenas alguns campos:

1. de como quer se identificar (não precisando revelar sua identidade), ele pode colocar qualquer nome ou apelido, e um email (para preencher o formulário)

2. a quantidade (o valor) que quer transferir

e por fim:

3. o propósito para que vai fazer a doação.

Então após o valor aparecer na conta, podemos confirmar que recebemos o valor, e tudo é revelado em nosso website, inclusive o valor total na conta.

Mas não acaba por aí!

Antes de ser utilizado pela instituição o doador é questionado se ele quer que o valor que ele doou seja utilizado, se o doador aceitar que a instituição utilize, ele será avisado quando o valor for gasto e receberá a nota fiscal e/ou comprovante do que e de onde foi gasto.

Caso contrário, se o doador não quiser que a sua doação seja utilizada, ele tem o período de 1 ano para solicitar sua doação de volta, senão ela será utilizada da forma como a instituição quiser, mas sempre demonstrando todos comprovantes em seu website.

E se o doador solicitar sua doação de volta então, a doação é devolvida, e também será relatada que foi devolvida no website.

Simples não? Isso acabaria com pelo menos 99,9% do uso indevido de doações você não acha? Qual a sua opinião? Se quiser faça o teste e digite "eu quero" abaixo e assim que o formulário estiver pronto enviamos o link!

Link do formulário: https://forms.gle/ceVFBXnhzUcAquaS7

Todas as Festas Bíblicas de Israel apontam para Yeshua o Messias (Jesus o Cristo)!

Deus ordenou ao Seu povo: Tenha uma festa! Faça uma pausa! Ele fez festivais parte da Lei, codificando os mandamentos para parar por um tempo e celebrar algumas vezes por ano.

Claro, há mais do que apenas comida e alegria (embora haja muito disso), mas há um profundo significado profético tecido na tapeçaria das festas ordenadas por Deus. De maneiras engenhosas, Deus criou lembretes divertidos e experienciais de marcos importantes ao longo da jornada da redenção. Mas, além de marcar a história entre Deus e Seu povo, esses marcos também vão para o futuro.

Hoje, como as pessoas estão começando a pensar mais sobre a segunda vinda de Jesus, vale a pena lembrar que as festas não falam apenas da primeira vinda de Yeshua, mas também de Seu retorno triunfante. É um ótimo momento para olhar novamente com seriedade para as informações que Deus nos deu no calendário que Ele estabeleceu para Seu povo. 

DATAS COM O DESTINO 

A primeira coisa a falar é a palavra para festa usada em hebraico. A palavra para "festa" é moed (מועד). Esta palavra é baseada em uma palavra raiz muito importante, ya'ad יעד. Em geral, dizemos que moed significa "tempo designado", ou festa marcada. Mas há mais do que isso. Há certamente um sentido de destino associado à palavra, mas a palavra também é usada para falar sobre o tempo: eterno, como "Pai Eterno" (Isaías 9:6). Também significa "até". 

Destino: Há um forte sentido de "destino" associado à palavra. Isso implica que essas "festas" ou "tempos designados" não são apenas eventos aleatórios, mas parte de um plano ou propósito maior, um destino que se desenrola.

Tempo Eterno: Surpreendentemente, a palavra também se conecta com a ideia de "tempo" no sentido de "eterno". A referência a "Pai Eterno" (Isaías 9:6), onde a palavra "עד" (ad) é usada, ilustra essa ligação. Isso sugere que os tempos designados por moed podem ter uma dimensão que transcende o presente, estendendo-se através da eternidade.

"Até": O significado de "até" também é atribuído a עד (ad), o que pode indicar uma progressão ou um ponto de chegada no tempo.

Há outro significado associado na palavra עד: é a palavra hebraica para "testemunha". No tribunal, uma testemunha dá testemunho do que viu e ouviu, dizendo algo às pessoas que ouvem sobre algo que não experimentaram. A testemunha testemunha e aponta para algo que não está presente, mas tem que ser explicado. 

  • Ed (עֵד): Testemunha: A palavra hebraica para "testemunha" é ed (עֵד), que é linguisticamente ligada a moed. Essa conexão é crucial para entender a profundidade de moed.

    • Testemunho no Tribunal: No contexto jurídico, uma testemunha é alguém que presenciou um evento e relata o que viu e ouviu. A testemunha aponta para algo que não está presente diretamente para quem ouve, mas que precisa ser explicado ou revelado.

    • Apontando para o Invisível: Ao conectar moed com ed, o texto sugere que as "festas" ou "tempos designados" servem como testemunhas. Elas não são apenas eventos para serem observados, mas apontam para algo maior, para realidades que não são imediatamente visíveis ou compreendidas. Elas revelam e explicam verdades sobre o passado, o presente e o futuro.

Então, com tudo isso junto, a palavra para festa, moed, significa um tempo fixo e designado de destino que testemunha e aponta para algo que vai para trás e para frente através da eternidade. 

Em essência, as "festas" (moedim) no contexto hebraico não são apenas celebrações ou eventos no calendário. Elas são momentos divinamente marcados, com um propósito e um destino específicos. Elas atuam como testemunhas de verdades eternas, conectando o passado com o futuro e revelando aspectos do plano divino que se estendem pela eternidade.

Não é uma descrição perfeita do que Deus nos dá nas festas bíblicas?!

Uau! Calma aí!

Outras palavras hebraicas para as festas são mikra (מקרא) e atsera (עצרה). Mikra é frequentemente traduzida como "santa convocação" e significa reunir as pessoas. É também uma das palavras que usamos em hebraico para "Bíblia", porque tem a ver com a palavra para ler e também para chamar. A segunda palavra, frequentemente traduzida como "assembleia solene", é a palavra para parar. Hoje em dia, em Israel, você a vê em ônibus, indicando onde é o próximo ponto. Tem a ver com interromper a atividade ou ser contido.

Levítico 23 nos dá um resumo claro de todas essas festas que Deus estabeleceu e ordenou que os israelitas guardassem. Todas elas são extremamente ricas em significado profético.

O primeiro moed listado é o Shabat. Em Ezequiel 20:12, Deus diz que o Shabat é um sinal entre Ele e Seu povo, um dia santo que serve como um lembrete de que Ele nos separou para sermos um povo santo. A pausa semanal nos lembra que foi Deus quem criou o mundo e a semana de sete dias, e Jesus diz que o Shabat foi criado para o nosso benefício. O descanso do trabalho nos ajuda a nos relacionarmos de forma mais saudável com Deus, nossas famílias, nosso ambiente e nós mesmos. Hebreus, capítulo 4, também explica que é um testemunho do descanso que Jesus traria por meio de Sua obra no Calvário. Agora Ele concluiu Sua obra e está sentado à direita do Pai (Hebreus 10:12). Graças a Yeshua, podemos entrar em perfeito descanso com Deus, juntamente com Ele. O Shabat testifica o que Jesus fez quando pagou pelos nossos pecados e também o que devemos esperar quando Ele retornar em glória.

Outro aspecto interessante sobre o Shabat é que Deus criou sete dias na semana. Ele poderia ter escolhido qualquer número, mas escolheu sete. Muitos dos tempos e estações mencionados em Gênesis, capítulo um, são óbvios tanto para humanos quanto para animais – a natureza sabe a diferença entre noite e dia, primavera, verão, outono e inverno… e até mesmo meses que passam enquanto a lua muda de forma. Mas e os dias da semana? Só os seres humanos sabem que dia da semana é – nenhum animal sabe se é Shabat ou não! A semana de sete dias e o fim de semana foram criados por Deus para nós. O mundo inteiro segue esse padrão, esses sete dias de conclusão, e isso também é significativo, como veremos.

As Festas da Primavera

Então, o próximo conjunto de festas acontece na primavera, e todas estão relacionadas entre si:

Em Êxodo 12, Deus instrui os israelitas a iniciarem o calendário no primeiro mês, que agora é conhecido como Nisã na primavera.

“Este mês marcará o princípio dos meses para vocês; será o primeiro mês do ano para vocês. Digam a toda a congregação de Israel que, no décimo dia deste mês, cada homem deverá escolher um cordeiro para sua família, um cordeiro para cada família... O cordeiro de vocês será sem defeito, macho de um ano. Vocês poderão pegá-lo das ovelhas ou das cabras. Vocês devem cuidar dele até o décimo quarto dia do mesmo mês. Então, toda a assembleia da congregação de Israel o sacrificará ao entardecer.”

“O sangue será um sinal para vocês nas casas onde estiverem. Quando eu vir o sangue, passarei por cima de vocês.”

Quando pensamos nos eventos da Páscoa e do Êxodo do Egito, é difícil imaginar uma imagem mais perfeita do que estava por vir em Jesus! Um cordeiro inocente e sem defeito foi sacrificado, e o sangue foi aspergido na madeira vertical e horizontalmente para que as pessoas que cressem fossem salvas da morte. Para reforçar esse ponto, Jesus foi testado e declarado inocente, depois foi espancado e traído, antes de seu sacrifício por nós na cruz de madeira, exatamente na época em que os cordeiros da Páscoa eram examinados e abatidos. A imagem é cristalina.

“Livrem-se do hametz [fermento] velho, para que sejam massa nova, assim como são sem fermento; porque o Messias, nosso Cordeiro da Páscoa, foi sacrificado.” (1 Coríntios 5:7)

Então, o povo, depois de redimido pelo sangue, passou pelas águas e empreendeu uma longa e árdua jornada antes de finalmente chegar à Terra Prometida. Da mesma forma, após receber a salvação pelo sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo, passamos pelas águas do batismo e caminhamos com Deus em meio às dificuldades até finalmente chegarmos ao lugar preparado para nós.

Após a noite da Páscoa, entramos na Festa dos Pães Asmos, que dura sete dias. Esta é uma imagem de nossas vidas como crentes aqui na Terra, escolhendo dar as costas ao pecado, sendo o fermento (hametz) o símbolo do pecado. O pão sem fermento também aponta para Jesus – o pão matzá é listrado e perfurado, assim como Ele, e sem nenhum vestígio de fermento, o que representa o pecado e o orgulho.

O dia 14 de Nisã, a noite da Páscoa, cai em dias diferentes da semana a cada ano, mas somos informados de que a Festa das Primícias deve ser sempre celebrada no primeiro DOMINGO após a Páscoa (Levítico 23:15). Esta festa é única por fixar o dia da semana – é claro que aponta para o Domingo da Ressurreição, como um testemunho profético do dia em que Jesus obteve a vitória sobre a morte. Também é incomum porque, embora existam outros sacrifícios mencionados, não há oferta pelo pecado exigida para a festa das Primícias. Jesus foi o primeiro a ressuscitar dos mortos, a nunca mais morrer, mas Ele não será o último! No fim dos tempos, todos nos uniremos a Ele e teremos corpos gloriosos e novos, ressuscitados. Todos seremos transformados, num piscar de olhos (1 Coríntios 15:52).

Então, a partir daquele domingo, Deus ordena que Seu povo conte sete semanas até a Festa das Semanas, Shavuot em hebraico, que significa semanas (Levítico 23:16). Esta festa também é conhecida como Pentecostes, com pente significando 50, pois são 50 dias desde a Festa das Primícias. Pentecostes é o momento em que Deus derramou Seu Espírito Santo sobre os fiéis, dando-lhes poder para viver uma nova vida no Messias e levar o evangelho a todo o mundo. Shavuot testemunha a reunião e inclusão dos gentios na Nova Aliança.

Essas festas da primavera estão todas conectadas e dependentes umas das outras, e a base e o fundamento é o sangue do cordeiro. Todas as outras festas da primavera dependem de quando a noite da Páscoa cai. O pão ázimo segue o seder da Páscoa, e as primícias caem no domingo seguinte... e o Shavuot é contado sete semanas a partir daí. Mas tudo depende daquela noite de sangue nos umbrais das portas. Comer o pão ázimo de um estilo de vida arrependido é inútil sem a salvação pelo sangue. A Páscoa e a redenção pelo sangue devem vir primeiro, e são seguidas pelo equipamento do Espírito para nos ajudar a viver nossa nova vida nEle.

Portanto, todas essas festas da primavera foram cumpridas de muitas maneiras na primeira vinda de Jesus.

As Festas de Outono

Há um longo intervalo antes das próximas festas no outono. Essa lacuna entre as festas da primavera e as festas do outono não depende de onde Shavuot terminou, mas começa no primeiro dia do sétimo mês, o que significa que a lacuna entre elas varia e tem duração incerta, ano após ano. Isso testemunha nossa experiência de espera, vivendo na expectativa do toque da trombeta que anunciará o retorno do Rei Jesus.

A Festa das Trombetas é chamada de Yom Teruah em hebraico, que significa um grande barulho, ou toque de trombeta, em vez de trombeta propriamente dita. Aprendemos em Tessalonicenses que haverá um grande som de trombeta para anunciar o retorno do Messias. Embora Jesus tenha aberto a porta da redenção há 2000 anos, Deus ainda não redimiu todas as coisas para Si mesmo, como prometeu que faria na Era Vindoura.

Dez dias depois, no décimo dia do sétimo mês, temos o Yom Kippur – o Dia da Expiação. O número dez representa a reivindicação de Deus por perfeita obediência (pense nos 10 mandamentos). Neste dia especial de arrependimento e sacrifício nacional, as reivindicações de Deus são atendidas e a consciência do povo é purificada. É um tempo de aflição e humilhação, arrependimento e purificação. No antigo Israel, no Yom Kippur, o sumo sacerdote entrava sozinho, mas Jesus, nosso sumo sacerdote, abriu um caminho para que pudéssemos estar com Ele no Santo dos Santos. No entanto, aqueles que rejeitarem o perdão de Jesus terão que comparecer perante o tribunal sem a cobertura da expiação. O Yom Kippur aponta para o Dia do Juízo, o grande e terrível dia do Senhor.

Por último, temos a Festa dos Tabernáculos, ou Sucot, como a chamamos em hebraico. Depois de ouvir o sacerdote Esdras ler as instruções sobre como celebrar Sucot após o retorno da Babilônia, o povo de Israel alegremente foi cumprir a ordem de construir cabanas! Deus instruiu Seu povo a construir abrigos, ou sucot, como são chamados em hebraico, para nos lembrar dos quarenta anos de jornada no deserto. Uma semana passada em abrigos frágeis nos lembra da natureza temporária desta vida e aponta para o nosso lar eterno no mundo vindouro.

A colheita do trigo e a colheita da uva são ambas colhidas antes de Sucot. Jesus fala de boas colheitas de trigo como crentes frutíferos, e a Bíblia também nos alerta sobre uvas pisoteadas na ira de Deus. A colheita e a seleção acontecem antes de Sucot, que é como uma grande festa da colheita. Ao contrário da Festa dos Pães Asmos, que dura sete dias, esta festa dura oito dias, o que simboliza a ida além da conclusão para a eternidade, a ressurreição e um novo começo. São sete dias de festa, com um oitavo dia (conhecido como shmini atzeret) de descanso alegre no final!

“Portanto, no décimo quinto dia do sétimo mês, quando tiverem colhido os frutos da terra, celebrarão a Festa de Adonai por sete dias. O primeiro dia será de descanso, como também o oitavo dia.”

Em Zacarias 2:10, Deus promete ao Seu povo que virá e habitará conosco, e Jesus deixa claro que Ele quer viver conosco, e nós com Ele. No pensamento judaico, uma sucá lembra uma chupá, um dossel nupcial. Este é outro abrigo que aponta para o casamento definitivo da Noiva e do Cordeiro. O descanso definitivo.

É assim que o calendário termina, com a união alegre com Deus.

As festas como testemunhas e indicadores

Agora você pode se perguntar, com todos esses sinais surpreendentes que apontam tão claramente para Jesus, por que o povo judeu não acredita Nele? Grande parte da resposta é que a imagem judaica do Messias é muito diferente da do Cordeiro de Deus, o Servo Sofredor que veio há 2000 anos. Eles esperavam um rei conquistador, um guerreiro vitorioso, que inauguraria uma era messiânica de perfeição. Por que pensaram isso? Porque é isso que é descrito repetidamente nas Escrituras Hebraicas – e acontecerá! Mas muitos cristãos parecem não conhecer muito bem esse lado do nosso Messias. Eles podem saber o que o Apocalipse diz sobre o fim dos tempos, mas não estão tão familiarizados com as centenas de detalhes sobre a gloriosa vinda do Messias que nos são dados no Antigo Testamento.

Da mesma forma que o povo judeu perdeu o momento de Sua visitação no primeiro século porque esperava algo muito diferente, as pessoas ficarão chocadas quando Ele voltar em glória se esperarem um pastor gentil em vez de um Rei conquistador.

Enquanto cristãos veem a crucificação profetizada na Páscoa, os judeus veem vários indicadores da redenção final que está por vir.

Muitos parecem acreditar que as festas da primavera apontam exclusivamente para a primeira vinda de Yeshua e que apenas as festas do outono apontam para o seu retorno, mas há muito que podemos aprender sobre a Sua segunda vinda em todas as festas.

A cada dia que passa, estamos cada vez mais próximos do dia do Seu retorno. Você sabe o que esperar? Você sabe o que as Escrituras Hebraicas nos dizem sobre o que acontecerá quando o Messias vier em glória? O que podemos aprender de todas as Festas do Senhor sobre esse grande e glorioso dia?

É hora de aprender mais sobre o Leão de Judá que o povo judeu tem esperado geração após geração, porque, deixe-me dizer, Ele está a caminho.

Fontes: 



terça-feira, 10 de junho de 2025

O Milagre da concepção virginal de Maria foi uma adulteração dos Evangelhos?

Alguns judaizantes (que muitas vezes nem judeus são) têm espalhado por aí que a concepção miraculosa e virginal de Maria nos textos dos Evangelhos é uma adulteração, e aqui está uma explicação

por Luiz Felippe Santos Cavalcanti no grupo do Facebook: YESHUA HAMASHIACH - ESTUDOS APROFUNDADOS (embora não concordemos em todos os assuntos, o assunto desta postagem é um dos assuntos no qual concordamos)


PARTE 1 — INTRODUÇÃO: OS PRESSUPOSTOS FALSOS E O MÉTODO PROBLEMÁTICO DO TEXTO

1.1 – Um texto construído sobre uma premissa errada
O texto que analisamos parte de uma premissa hostil e desonesta: ele não busca entender o conteúdo das Escrituras segundo o seu contexto judaico original, mas assume que:
  • os Evangelhos foram manipulados;
  • os autores não tinham coesão entre si;
  • a concepção virginal foi uma invenção tardia helenista;
  • e que qualquer menção ao pai adotivo ou aos pais terrenos de Yeshua contradiz a doutrina da sua origem divina.
Essa abordagem falha por quatro motivos principais:
Ignora a cultura e linguagem judaica do século I, onde o uso de termos como "pai", "mãe" e "filho de" era muitas vezes legal ou relacional, e não necessariamente biológico;
Desconhece a halachá farisaica da época, que aceitava a legalidade da adoção plena e da linhagem por casamento levirático como legítimas;
Aplica padrões modernos de crítica textual aos Evangelhos como se fossem documentos ocidentais, ignorando que eles seguem gêneros literários judaicos do Segundo Templo, onde paralelismos, midrashim e interpretações simbólicas são comuns;
Baseia-se em autoridades acadêmicas unilaterais e tendenciosas, como Bart Ehrman, cuja visão é secular, agnóstica e, muitas vezes, refutada até mesmo por outros eruditos liberais (como Larry Hurtado, Richard Bauckham, Craig Evans, entre outros).
1.2 – O uso indevido da crítica textual
O autor do texto apela para variantes textuais menores (como Lucas 2:33 e Lucas 3:22) para argumentar que os textos foram manipulados. Entretanto:
A crítica textual moderna reconhece que variantes são comuns em manuscritos antigos, e isso não compromete a integridade geral da mensagem, que é sustentada por milhares de manuscritos e versões paralelas;
A maioria das variantes mencionadas (como “seu pai e sua mãe” versus “Yosef e sua mãe”) não contradizem a concepção virginal, pois descrevem a relação social e familiar que Yeshua mantinha com Yosef, que era reconhecido legalmente como seu pai, conforme a halachá da época (como veremos na Parte 4).
1.3 – A tradição judaica reconhece o conceito de nascimento sobrenatural
O autor do texto afirma que a concepção virginal seria “estranha ao Judaísmo”, uma invenção grega ou cristã. Isso é historicamente e rabinicamente falso.
Veremos em seções futuras (Parte 7 e Parte 15) que:
  • O Targum de Isaías 9:6 descreve o Messias como um “Filho maravilhoso” com títulos divinos;
  • O Targum de Isaías 11:1-2 afirma que “o Espírito de Deus repousará sobre o Rei Messias” desde o ventre;
  • O Zohar e o Midrash Rabbah apresentam o Messias como preexistente, emanado da luz divina antes da criação do mundo (cf. Zohar I:145b, Bereshit Rabbah 1:4);
  • O Midrash Pesikta Rabbati (cap. 36) menciona que o nome do Messias já está gravado no trono de glória de Deus, antes de sua vinda;
Muitos rabinos e cabalistas entendiam Isaías 7:14 como sinal messiânico sobrenatural, mesmo que o termo “almah” não signifique estritamente “virgem”, mas uma jovem cuja pureza era presumida.
1.4 – Um texto que distorce os Evangelhos para encaixar sua tese
O autor do texto que analisamos força contradições que não existem, ignora o duplo propósito dos Evangelhos (histórico e teológico), e não leva em conta que:
Mateus escreve para judeus, enfatizando Yeshua como rei davídico e herdeiro legal;
Lucas escreve para gregos, focando na humanidade, universalidade e na linhagem biológica (possivelmente por Miriam);
As genealogias têm funções teológicas distintas, como veremos na Parte 2.
1.5 – O tom do texto já denuncia sua parcialidade
A linguagem do artigo é recheada de:
  • insinuações (ex: “parece-me que Lucas não pensava assim...”);
  • retóricas que apelam para o escândalo (“não é estranho...?”, “como poderia...?”);
  • e desprezo por qualquer tradição que não seja o racionalismo seco do século XXI.
Não é assim que se discute teologia judaica — muito menos a questão da identidade do Messias.
Conclusão da Parte 1
O texto que se pretende “crítico” é, na verdade:
  • uma mistura de anacronismos históricos;
  • falácias exegéticas;
  • seletividade textual;
  • e negação da tradição haláchica e mística do Judaísmo do Segundo Templo.
Agora que desmontamos os pressupostos metodológicos e a abordagem tendenciosa do autor, passaremos na Parte 2 a demonstrar com base em fontes judaicas e na lógica interna dos Evangelhos:
❝As genealogias de Mateus e Lucas não são contraditórias, mas complementares — cada uma servindo a um propósito legal e espiritual — e ambas atestam que Yeshua é herdeiro legítimo da casa de Davi.❞
PARTE 2 — A GENEALOGIA EM MATEUS E LUCAS: CONTRADIÇÃO OU COMPLEMENTO?
2.1 – As duas genealogias: visões complementares
A suposta contradição entre Mateus 1:1–17 e Lucas 3:23–38 tem sido apontada há séculos. Entretanto, a tradição judaico-messiânica e diversos estudiosos, inclusive judeus convertidos como Alfred Edersheim, reconhecem que:
Mateus apresenta a linhagem legal (real) por meio de Yosef, com destaque à sucessão dinástica e direito ao trono de Davi;
Lucas apresenta a linhagem biológica (natural), muito provavelmente de Miriam, também descendente de Davi, mas através de Natan, não Salomão.
Essa distinção já era conhecida por sábios judeus do século I e aceita por pais da Igreja como Tertuliano, Orígenes e Eusébio de Cesareia, com base em documentos que circulavam entre os netos de Yehuda, o irmão de Yeshua (ver Eusébio, História Eclesiástica, Livro 1, cap. 7).
2.2 – O texto grego de Lucas 3:23 permite entender que a genealogia é de Miriam
"E era Yeshua, ao começar o seu ministério, como se supunha, filho de Yosef, filho de Eli..."
(Lucas 3:23)
A estrutura grega da frase é:
“ὢν υἱός, ὡς ἐνομίζετο, Ἰωσὴφ, τοῦ Ἠλὶ” (ōn huios, hōs enomizeto, Iōsēph, tou Ēli)
= “sendo (filho), como se supunha, de Yosef, [mas na verdade] de Eli”
A fórmula grega não repete “filho de” (huios) para cada nome, o que permite ler o verso como:
“Yeshua, sendo como se supunha filho de Yosef, era [de fato, filho] de Eli.”
Ou seja, Eli (Heli) seria o pai de Miriam, sogro de Yosef, o que era comum nas genealogias judaicas — quando não se desejava mencionar mulheres, o genro era referido como “filho” do sogro, por casamento.
O Talmud faz o mesmo em Sanhedrin 19b:
“O filho da filha é considerado como filho”.
2.3 – Provas de que Miriam era descendente de Davi
A tradição rabínica confirma que é possível a transmissão da linhagem tribal pelo pai, mas a genealogia de sangue também era reconhecida pela mãe quando havia casamentos dentro da tribo.
A Mishná (Kidushin 3:12) diz:
“Toda pessoa segue a tribo de seu pai, a menos que se trate de um caso em que não há pai conhecido, e nesse caso segue a mãe.”
No caso da concepção sobrenatural de Yeshua, não havia pai biológico humano, então a linhagem de sangue messiânica segue por Miriam — e ela, como mostra Lucas 3, descendia de Natan, filho de Davi.
2.4 – Duas linhagens davídicas legítimas: Salomão e Natan
Na tradição judaica, tanto Salomão quanto Natan são filhos diretos de Davi com Bat-Sheva (2 Samuel 5:14). Isso significa que ambas as linhagens têm direito davídico legítimo.
  • Mateus mostra a linhagem real (Salomão → Jeconias → Yosef).
  • Lucas mostra a linhagem de sangue (Natan → Eli → Miriam → Yeshua).
  • Ambas convergem no propósito messiânico:
  • Yeshua recebe o direito legal ao trono por adoção legal de Yosef;
  • Yeshua possui a linhagem de sangue de Davi por sua mãe Miriam.
2.5 – A Torá reconhece o pai adotivo como pai legítimo
A halachá do século I, fortemente influenciada pelos fariseus, ensinava que o pai adotivo tem autoridade legal total sobre o filho adotado, e que filhos adotivos podem herdar direitos e nomes de seus pais legais.
Sanhedrin 19b:
“Quem cria um filho que não é seu é considerado como se o tivesse gerado.”
Yosef, ao dar nome a Yeshua e assumir publicamente sua paternidade legal, transmite a linhagem real de Davi.
2.6 – Sobre Natan e Salomão: havia laços conjugais? Existe uma tradição rabínica?
Uma linha interpretativa possível — aparece em Yevamot 62b-63a e em comentários místicos posteriores que consideram que descendências indiretas podem surgir por casamentos dentro da mesma família em gerações próximas. a tradição midráshica admite que, em certos casos:
“A semente de uma casa pode ser levantada por outra linhagem davídica legítima, contanto que venha da casa de Bat-Sheva.”
Isto reforça que tanto Natan quanto Salomão servem à construção do mesmo propósito davídico-messiânico.
Conclusão da Parte 2
As genealogias de Mateus e Lucas não se contradizem, mas sim:
  • Mateus revela a linhagem legal dinástica de Salomão por Yosef;
  • Lucas revela a linhagem biológica messiânica de Natan por Miriam;
  • Ambas convergem: Yeshua é legal e biologicamente Filho de Davi.
Yosef, pela halachá farisaica, era o pai legal e legítimo, e transmitiu a herança messiânica régia. Miriam, descendente de Davi por Natan, transmitiu a linhagem de sangue. Nenhuma “adulteração” foi feita, e os dois Evangelhos se complementam de modo sublime.
PARTE 3 — A GENEALOGIA DE MIRIAM EM LUCAS 3: EVIDÊNCIAS BÍBLICAS, HALÁCHICAS E PATRÍSTICAS
A ideia de que Lucas registra a genealogia de Miriam e não de Yosef não é invenção moderna. Ao contrário: ela está alicerçada em estruturas gramaticais gregas, tradição judaica do século I, e em testemunhos de escritores judeu-cristãos antigos, inclusive com precedentes haláchicos e midráshicos para esse tipo de apresentação genealógica.
3.1 – O argumento do nome “Yosef” em Lucas 3:23
O crítico do texto diz:
“Se a genealogia de Lucas fosse de Miriam, o nome dela deveria aparecer. Afinal, Mateus menciona mulheres.”
Isso é uma falácia anacrônica, por três razões:
Genealogias judaicas não mencionam mulheres como regraa não ser em casos especiais (como Tamar, Rute ou Bat-Sheva em Mateus 1, para propósitos teológicos);
A genealogia de Lucas é mais tradicional em sua forma hebraica, seguindo os padrões sacerdotais (como os usados para comprovar descendência levítica);
É perfeitamente comum, na tradição rabínica, incluir o genro como “filho” do sogro, especialmente em contextos legais.
Exemplo talmúdico:
No Talmud Bavli, Sanhedrin 19b, há a regra:
“Quem cria um filho não seu, é como se o tivesse gerado.”
Portanto, Yosef pode ser mencionado na genealogia por ser o marido de Miriam, ainda que a linhagem em questão seja dela. É como se dissesse:
“Yeshua era tido como filho de Yosef, mas de fato descendente de Eli (pai de Miriam).”
3.2 – A construção grega de Lucas 3:23 favorece a leitura mariana
A frase grega diz:
“Yeshua... como se supunha, filho de Yosef, do Eli”
(τοῦ Ἠλὶ – tou Eli)
A expressão "τοῦ Ἠλὶ" no grego não exige que Eli seja pai de Yosef. Em vez disso, o estilo grego da genealogia omite a palavra “filho” (υἱός, huios) após o primeiro nome, e assume por contexto.
Mas o contexto imediato indica que Eli é o pai de Miriam e sogro legal de Yosef.
A tradição do uso legal do sogro como pai é reforçada no Talmud, e era comum entre os judeus helenistas do século I, como os da comunidade de Lucas.
3.3 – Testemunhos dos pais da Igreja (século II–IV)
Diversos escritores dos primeiros séculos conheciam a distinção entre as duas genealogias e confirmavam que Lucas apresenta a linhagem de Miriam:
Orígenes (185–254 d.C.):
“Mateus relata a genealogia segundo a natureza legal. Lucas segue a linha natural, através de Heli, pai de Maria.” (Comentário a Mateus, Livro X)
Eusébio de Cesareia (263–339 d.C.):
“Eli era pai de Miriam, e como não tinha filhos homens, a herança passou a seu genro Yosef, conforme a Torá.” (História Eclesiástica, Livro I, cap. 7)
Tertuliano (155–220 d.C.):
“Mateus descreve a sucessão legal de reis, Lucas a linhagem natural por meio da mãe.”
Esses testemunhos são valiosos porque vêm de autores próximos cronologicamente dos netos dos irmãos de Yeshua (conforme relata Eusébio), e preservam a tradição oral antiga sobre a origem das genealogias.
3.4 – Halachá do século I e a herança tribal pela mãe
Em casos de ausência de pai reconhecido, ou em casamentos dentro da mesma tribo, a herança tribal podia ser reconhecida pela mãe.
Mishná (Kidushin 3:12):
“Todos seguem a linhagem paterna, exceto quando o pai não é conhecido – aí segue a mãe.”
Ou seja, no caso de Yeshua, que não teve pai humano, sua linhagem tribal segue por Miriam — e Miriam era da tribo de Yehudah e descendente direta de Davi, por Natan.
3.5 – A legitimidade da transmissão messiânica por Natan
O texto crítico alega que somente Salomão poderia ser canal messiânico, segundo 2 Samuel 7. Mas isso é um erro hermenêutico.
Embora 2 Samuel 7:12-14 prometa um sucessor imediato (Salomão), o sentido profético pleno da promessa messiânica:
  • transcende Salomão;
  • não se limita ao “filho físico imediato”;
  • se refere a um Rei eterno, cujo trono jamais será removido (cf. v. 13-14).
Targum de 2 Samuel 7:14 interpreta assim:
“Eu levantarei para ti um descendente... será chamado Messias... e estabelecerei para ele um Reino eterno.”
Além disso, nada impede que a linhagem biológica venha por outro filho de Davi (como Natan), se o direito ao trono for transmitido legalmente, como foi com Yeshua, por meio da adoção haláchica de Yosef.
Conclusão da Parte 3
  • A genealogia de Lucas 3 é de Miriam, não de Yosef;
  • O texto grego, o contexto cultural e a tradição judaica do século I permitem e até sugerem isso;
  • Yosef, como genro de Eli, pode legalmente aparecer na genealogia;
  • A linhagem de Natan, filho de Davi, é messiânica e legítima, sendo utilizada por Lucas para mostrar a linhagem biológica de Yeshua;
  • A tradição oral dos primeiros discípulos confirmava essa leitura, sendo registrada por autores como Eusébio e Orígenes.
PARTE 4 — YOSEF COMO PAI LEGAL DE YESHUA SEGUNDO A HALACHÁ DO SÉCULO I
Uma das acusações centrais do texto crítico é que, se Yosef não era o pai biológico de Yeshua, então não poderia transmitir a Ele o direito ao trono de Davi.
Esse argumento, porém, ignora completamente o contexto jurídico (haláchico) e cultural do Judaísmo do Segundo Templo, especialmente:
  • o conceito de paternidade legal e adoção plena;
  • o poder jurídico da nomeação e reconhecimento público do filho;
  • e a possibilidade de transmissão de direitos tribais e hereditários através da assunção pública de responsabilidade paterna.
Vamos examinar cada uma dessas bases.
4.1 – Adoção e paternidade legal eram plenamente reconhecidas pela halachá
No Judaísmo do Segundo Templo, a paternidade legal era suficiente para conferir identidade, herança e linhagem tribal, especialmente se:
  • o pai nomeasse e reconhecesse o filho publicamente;
  • a comunidade aceitasse esse reconhecimento;
  • e não houvesse outro pai biológico identificado.
Talmud Bavli, Sanhedrin 19b:
“Kol hamegadel et ha-yatom be-toch beito, ma'aleh alav ha-katuv ke-ilu yelado.”
“Quem cria um órfão como filho em sua casa, a Escritura o considera como se o tivesse gerado.”
  • Yeshua, concebido por milagre e sem pai humano, foi:
  • reconhecido publicamente por Yosef;
  • circuncidado no oitavo dia como filho de Yosef (Lucas 2:21-24);
  • registrado oficialmente na genealogia davídica legal da casa de Yosef;
  • e chamado pelos contemporâneos de “filho de Yosef” (Lucas 4:22; João 6:42), indicando aceitação pública.
Portanto, pela halachá vigente, Yosef era pai legal de Yeshua, e isso era juridicamente suficiente para transmitir a Ele o direito ao trono de Davi.
4.2 – O nome dado por Yosef validava a paternidade legal
Segundo a halachá, quem dá o nome ao filho reconhece sua paternidade. Em Mateus 1:21, o anjo instrui Yosef:
“E você lhe porá o nome de Yeshua.”
Este detalhe é juridicamente fundamental.
Mishná, Berachot 7:3:
“Aquele que dá o nome ao filho é como seu pai, e com isso estabelece o vínculo de herança.”
Yosef, ao dar nome a Yeshua, formalizou sua adoção, validando todos os direitos civis e espirituais do filho, incluindo:
  • a identidade como membro da tribo de Yehudah;
  • a qualificação como herdeiro da casa de Davi;
  • e a aceitação pública da paternidade, segundo o derech eretz (costume da terra).
4.3 – Herança por adoção era reconhecida legalmente
Em contextos judaicos e greco-romanos, a adoção conferia plena herança, incluindo direitos nobiliárquicos e políticos. O Talmud, por exemplo, considera válido:
  • a transmissão de propriedade tribal a filhos adotados (cf. Bava Batra 108a);
  • e a adoção de filhos para fins sucessórios e sacerdotais (cf. Yevamot 97a).
  • Além disso, o direito ao trono de Davi não exigia paternidade biológica, mas:
  • descendência legal dentro da casa de Davi;
  • e nomeação divina (ungido – mashiach).
1 Reis 1:32-35:
Davi nomeia Salomão como sucessor, não apenas por ser seu filho, mas porque o juramento público e a unção conferem legitimidade. Yeshua, sendo adotado legalmente por Yosef (descendente legal de Davi por Salomão), recebe assim o direito legal de herdar o trono, conforme a halachá e a tradição.
4.4 – O conceito cabalístico da paternidade espiritual (ruach) confirma essa estrutura
Na Kabbalah, há também o conceito de que a paternidade é espiritual (ruach), não apenas física. O Zohar (I:91b) diz:
“Há filhos que vêm do corpo, e há filhos que vêm do Espírito (ruach)... e aqueles que o homem cria em Torá são considerados como sua descendência mais pura.”
Yosef foi instrumento justo (tzadik) na criação, proteção e ensino de Yeshua. A Torá espiritual que ele transmitiu (como guardião da promessa messiânica) o fez ser verdadeiramente pai — pela alma e pelo Espírito.
Portanto, mesmo sob a luz mística, Yeshua é legítimo herdeiro da casa de Davi — tanto pelo sangue (Miriam) quanto pela paternidade espiritual e legal (Yosef).
Conclusão da Parte 4
  • Yosef era o pai legal de Yeshua segundo a halachá farisaica vigente;
  • A adoção pública, nomeação e registro legal conferiam plenos direitos sucessórios e tribais;
  • O nome dado por Yosef é juridicamente uma adoção messiânica;
  • A tradição rabínica, a Mishná e o Talmud confirmam a validade da herança por adoção;
  • A Kabbalah vê a paternidade espiritual como superior à biológica.
Logo, o argumento crítico de que “sem pai biológico Yeshua não pode herdar o trono de Davi” não apenas falha juridicamente, mas é refutado espiritualmente, historicamente e misticamente.
PARTE 5 — NATAN, SALOMÃO E O CASAMENTO LEVIRÁTICO: HÁ CONTRADIÇÃO OU MISTÉRIO?
Uma das supostas “contradições” levantadas no texto crítico é o fato de que a genealogia de Yeshua, em Lucas, passa por Natan, filho de Davi, e não por Salomão, como seria esperado de um herdeiro ao trono messiânico segundo 2 Samuel 7.
O autor afirma que "os descendentes de Natan não podem ser herdeiros da promessa feita a Salomão", e pergunta:
“Os filhos de meu irmão podem ser meus descendentes?”
Essa pergunta é legítima do ponto de vista jurídico — mas é respondida afirmativamente pela Torá, pela tradição judaica e pela própria estrutura da promessa messiânica.
5.1 – A promessa de 2 Samuel 7 não se restringe a Salomão
A promessa divina a Davi diz:
“Estabelecerei depois de ti a tua descendência... e firmarei para sempre o trono do seu reino” (2 Samuel 7:12-13)
Essa profecia tem dois níveis:
  • Imediato – cumprimento em Salomão, filho direto;
  • Escatológico – cumprimento pleno no Rei Messiânico eterno, cujo trono jamais será removido.
A interpretação rabínica reconhece isso:
Targum Yonatan sobre 2 Samuel 7:13:
“Ele construirá um Templo para Meu Nome e seu Reino será estabelecido para sempre até os dias do Rei Messias.
Assim, a promessa messiânica não está vinculada unicamente à pessoa de Salomão, mas a toda a casa de Davi, da qual Natan também é filho.
5.2 – Natan e Salomão são irmãos, filhos de Bat-Sheva
Ambos são filhos de Davi com Bat-Sheva:
“Estes nasceram a ele em Jerusalém... Siméa, Sobabe, Natã e Salomão; quatro de Bat-Sheva” (1 Crônicas 3:5)
Na lógica tribal de Israel:
  • toda a casa de Davi compartilha da bênção de 2 Samuel 7;
  • linhagens por irmãos são legalmente reconhecidas como válidas, especialmente se:
  • o trono é herdado por adoção legal;
  • há conexão com a mesma mulher (Bat-Sheva), como no caso de Natan e Salomão.
5.3 – A Torá permite a sucessão por linhagem colateral (irmão)
Na halachá, quando não há descendência direta reconhecida (como no caso de paternidade sobrenatural), é legítimo:
  • restaurar a herança tribal por linhagem colateral, como filhos de irmãos;
  • usar o mecanismo do levirato (yibum) para levantar descendência em nome do irmão falecido.
Devarim (Deuteronômio) 25:5-6:
“Se irmãos habitarem juntos e um deles morrer... o irmão tomará por mulher a esposa do falecido... e o filho primogênito que ela gerar se chamará pelo nome do irmão morto.”
Ainda que esse caso não seja explicitado na genealogia, o princípio espiritual está presente:
Yeshua herda o direito messiânico real pela linha de Natan, e o direito legal pelo reconhecimento de Yosef, descendente de Salomão.
5.4 – Midrashim e tradições cabalísticas apoiam múltiplas linhas messiânicas
Alguns midrashim e fontes cabalísticas apontam que a linhagem do Messias pode vir tanto por Salomão (via trono e realeza), quanto por Natan (via bênção espiritual e humildade).
Midrash Tehilim sobre Salmo 18:50:
“De Natan virá o Redentor, pois Deus reserva os mansos para herdar a terra.”
Zohar II:120a:
“O Messias é o fruto escondido da árvore de Davi; ele vem de caminhos ocultos da luz — não pela linhagem mais visível.”
Estas fontes sustentam a ideia de que Natan representa uma linhagem oculta e espiritual, que corresponde à humildade do Mashiach ben Yosef — aquele que sofre primeiro, antes da glória do Mashiach ben David.
5.5 – O casamento levirático simbólico entre as casas de Natan e Salomão
Embora não tenhamos um texto explícito que diga “Salomão casou com a viúva de Natan”, há uma tradição interpretativa possível — segundo a qual as linhagens messiânicas se entrelaçam espiritualmente, seja por casamento dentro da tribo; ou por adoção legal com base em propósitos proféticos.
Essa visão é sugerida por Rabi Yehuda HaChassid, que afirma em seu comentário ao Bereshit 38 (caso de Tamar e Judá):
Às vezes o Eterno levanta linhagem messiânica por caminhos laterais da tribo de Yehudah, não diretamente pelo herdeiro aparente, mas por aquele que foi considerado indigno ou esquecido.
Isso se aplica perfeitamente a Natan, cuja linhagem foi “escondida” por séculos até surgir no nascimento do verdadeiro Messias.
Conclusão da Parte 5
Natan e Salomão são ambos filhos legítimos de Davi e Bat-Sheva — herdeiros da promessa messiânica;
  • A promessa de 2 Samuel 7 não se limita a Salomão — ela aponta para um Rei eterno da casa de Davi;
  • A halachá e a Torá permitem descendência por irmãos, inclusive por yibum ou adoção legal;
  • Fontes rabínicas e místicas apontam que a linhagem messiânica pode vir por caminhos ocultos — como o de Natan;
Portanto, não há contradição entre Lucas 3 (Natan) e a promessa davídica — apenas uma revelação mais profunda do plano divino.
PARTE 6 — A PROMESSA MESSIÂNICA EM 2 SAMUEL 7:12-14 À LUZ DA TRADIÇÃO JUDAICA E SEU CUMPRIMENTO EM YESHUA
O texto crítico afirma que Lucas contradiz a promessa messiânica feita a Davi, já que a genealogia lucana passa por Natan e não por Salomão, enquanto 2 Samuel 7 faria referência apenas a Salomão como herdeiro do trono.
Essa leitura, porém, ignora completamente o duplo nível da profecia, e sua interpretação tradicional judaica e messiânica, reconhecida tanto por rabinos antigos quanto por autores da Brit Chadashá.
6.1 – A promessa de 2 Samuel 7: o texto
“Quando os teus dias se cumprirem... levantarei depois de ti o teu descendente... ele edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho…” (2 Samuel 7:12-14)
Esta passagem é o alicerce da esperança messiânica judaica, chamada de “Berit HaMeluchá” (Aliança da Realeza) — uma aliança perpétua com a casa de Davi.
Contudo, o texto tem dois níveis claros de realização:
6.2 – Interpretação rabínica clássica: dois níveis de cumprimento
A tradição judaica reconhece que 2 Samuel 7 tem um cumprimento parcial em Salomão (edificação do Templo físico), e pleno no Messias (edificação do Reino eterno e espiritual).
Targum Jonathan sobre 2 Samuel 7:13:
“Ele edificará uma casa para Meu Nome — e o Rei Messias, cujo Reino será confirmado eternamente perante Mim, será gerado por ele.”
Midrash Tehilim 89:5:
“Davi perguntou: ‘O trono do Messias virá de mim?’ E o Santo respondeu: ‘Sim, dele surgirá aquele cujo nome Eu preparei antes da criação do mundo.’”
Zohar I:25b:
“O Santo, bendito seja, prometeu a Davi dois reis: Salomão para a era presente, e o Rei Messias para os dias vindouros.
Assim, o Judaísmo nunca entendeu que essa profecia era exclusiva de Salomão, mas sim que Salomão era a primeira sombra de uma promessa escatológica maior.
6.3 – A linguagem da paternidade divina aponta além de Salomão
O versículo 14 declara:
“Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho.”
Embora se aplique parcialmente a Salomão (como no Salmo 2:7, “Tu és meu filho”), a plenitude desse versículo excede Salomão, pois:
  • Salomão caiu em idolatria (1 Reis 11:4-10);
  • e seu reino foi dividido após sua morte (1 Reis 12).
Logo, a promessa de trono eterno e paternidade divina não pôde se cumprir plenamente nele.
A Brit Chadashá aplica essa profecia a Yeshua — não apenas como metáfora — mas como cumprimento literal e pleno:
Lucas 1:32-33:
“Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará eternamente sobre a casa de Yaakov, e seu Reino não terá fim.”
6.4 – A perspectiva cabalística: o Mashiach é o Filho preexistente
A Kabbalah entende que a frase “Eu lhe serei por pai e ele me será por filho” não se refere apenas a uma relação profética, mas a uma unidade essencial com o Divino.
Zohar I:145b:
“Antes que o mundo fosse criado, o Rei Messias já existia diante do trono da Glória... como um Filho diante do Pai.”
Zohar II:212a:
“O Espírito do Mashiach foi emanado da Luz de Ein Sof — ele é chamado de ‘Filho’ porque é o reflexo puro do Pensamento Supremo.”
Assim, para a tradição mística judaica, o Mashiach não é apenas herdeiro legal de Davi — ele é também o Filho espiritual do Eterno, emanado antes da criação, mas revelado no tempo por meio de um nascimento milagroso.
Yeshua cumpre isso:
  • como descendente legal de Davi por Yosef (Mateus 1);
  • como descendente biológico por Miriam (Lucas 3);
  • e como Filho de Deus, segundo a promessa de 2 Samuel 7:14.
6.5 – Aplicação na Brit Chadashá e coerência com a promessa
Os apóstolos reconheceram explicitamente que 2 Samuel 7 se cumpria em Yeshua:
Atos 13:22-23:
“Da descendência deste [Davi], conforme a promessa, Deus trouxe a Israel um Salvador, Yeshua...”
Hebreus 1:5 (citando 2 Sm 7:14 e Sl 2:7):
“Pois a qual dos anjos disse alguma vez: Tu és meu Filho, hoje te gerei? Ou: Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho?”
A teologia messiânica da Brit Chadashá vê em Yeshua o cumpridor perfeito da promessa de 2 Samuel 7 — não apenas um rei terreno, mas um Filho eterno, cujo Reino é indestrutível.
Conclusão da Parte 6
  • A profecia de 2 Samuel 7:12-14 não se limita a Salomão — ela antecipa o Rei eterno;
  • A tradição rabínica e os targumim reconhecem que o cumprimento pleno seria o Mashiach;
  • A paternidade divina citada no versículo 14 não se cumpriu plenamente em Salomão, mas sim em Yeshua, reconhecido como o Filho de Deus;
  • A Kabbalah confirma que o Mashiach emana da Luz Infinita e é chamado Filho antes da criação;
Portanto, Yeshua cumpre completamente a promessa feita a Davi, conforme a tradição judaica, a profecia bíblica e a esperança messiânica.
PARTE 7 — A CONCEPÇÃO VIRGINAL NO JUDAÍSMO: ISAÍAS 7:14, O RUACH HA-KODESH E O NASCIMENTO DE YESHUA
O texto crítico que analisamos nega que Isaías 7:14 fale de uma concepção virginal e afirma que isso seria “invenção helenística” ou mal-entendimento da Septuaginta (LXX). No entanto, veremos que:
  • A tradição judaica antiga (especialmente a Septuaginta e alguns targumim) reconhecia o versículo como messiânico e sobrenatural;
  • O termo “almah” pode sim se referir a uma virgem não apenas jovem;
  • A ideia de nascimento sobrenatural não é estranha ao Judaísmo, e sim parte da esperança messiânica mística;
  • O Ruach HaKodesh é apresentado nos escritos rabínicos como agente de criação, revelação e concepção sagrada.
7.1 – O texto de Isaías 7:14
“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a ‘almah’ conceberá e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Imanu-El.” (Isaías 7:14)
7.2 – A palavra “עַלְמָה” (almah): jovem ou virgem?
O argumento comum é que “almah” significa apenas “moça jovem”, e que, se Isaías tivesse desejado indicar “virgem”, teria usado “betulá” (בְּתוּלָה). No entanto:
A palavra “almah” implica fortemente virgindade, pois em todos os seus usos na Tanach a moça ainda não tem filhos nem está casada:
  • Rebeca é chamada de “almah” em Gênesis 24:43 — e o texto explicita que ela era virgem e nenhum homem a havia conhecido (Gn 24:16);
  • Em Provérbios 30:18-19, a “almah com um homem” é apresentada como mistério novo, não como algo rotineiro.
O próprio Targum Jonathan traduz Isaías 7:14 de forma messiânica:
“O Rei Messias nascerá de uma jovem DONZELA, e seu nome será Imanu-El.” (Donzela: Jovem solteira que ainda não perdeu a virgindade. Dicionário Michaelis)
A Septuaginta (tradução judaica para o grego, cerca de 250 a.C.) traduziu “almah” por παρθένος (parthénos), que inequivocamente significa “virgem”.
Isto mostra que os próprios judeus anteriores a Yeshua interpretavam essa passagem como anúncio de uma concepção sobrenatural e messiânica.
7.3 – A tradição judaica e os nascimentos sobrenaturais
O Judaísmo está repleto de nascimentos milagrosos, preparados pelo Eterno para introduzir líderes e profetas:
  • Sara (Gênesis 21) — gerou Yitschak após a idade da menopausa;
  • Rivka (Gênesis 25:21) — estéril, gerou Yaakov e Esav por intervenção divina;
  • Raquel (Gênesis 30:22) — foi lembrada por Deus e concebeu Yosef;
  • Chaná (1 Samuel 1) — gerou Sh’muel por ação direta do Eterno.
Mas há mais: o Midrash Tanchuma e outros textos rabínicos atribuem caráter sobrenatural ao nascimento de Moisés e do próprio Messias:
Midrash Tanchuma, Toldot 20:
“O Santo, bendito seja, disse: ‘Assim como abri o ventre de Sara, assim abrirei o de Miriam, mãe do Redentor... pois com sinais nascem os libertadores’.”
Essa linguagem é clara: a concepção do Messias será um sinal — uma intervenção direta de Deus, como afirma Isaías 7:14.
7.4 – O Ruach HaKodesh como força criadora da vida
O autor do texto crítico menciona que o Espírito Santo é “poder criador” e não uma “pessoa” — e com isso pensa estar atacando a concepção virginal. Mas esse raciocínio, na verdade, confirma a tradição judaica e o relato da Brit Chadashá.
Lucas 1:35:
“Descerá sobre ti o Ruach HaKodesh, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; por isso, o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.”
Isso é profundamente coerente com o que o Judaísmo crê sobre o Ruach:
Gênesis 1:2:
O Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.” Aqui, o Ruach Elohim é visto como instrumento ativo da criação.
Zohar I:9b:
O Espírito que procede do Santo — a Shechiná — repousa sobre a mulher justa e gera o Filho sagrado do Nome.
Midrash Bereshit Rabbah 12:8:
O Espírito de Deus é o mesmo que sopra sobre os justos e gera neles nova vida, assim como no princípio da criação.
Portanto, a ação do Ruach sobre Miriam não representa fecundação biológica, mas criação milagrosa, exatamente como o texto de Lucas descreve — e exatamente como a mística judaica sempre imaginou a vinda do Messias.
7.5 – A concepção virginal é coerente com o papel de Yeshua como “O Segundo Adão”
Se Adão foi formado sem pai nem mãe, pela Palavra criadora do Eterno, então o Messias, como segundo Adão, também viria sem pai terreno, gerado diretamente pela ação divina.
1 Coríntios 15:45:
“O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.”
Zohar III:82a:
“O Messias é o Adão restaurado — ele traz a imagem do Santo e não tem origem como os homens.”
Logo, a concepção virginal não só é coerente com a Escritura, mas é esperada no pensamento judaico mais profundo e místico.
Conclusão da Parte 7
O texto de Isaías 7:14 pode sim ser entendido como uma profecia de nascimento virginal, como foi pela LXX, pelo Targum e pela tradição messiânica judaica;
  • “Almah” pode e frequentemente implica virgindade;
  • A concepção de Yeshua pelo Ruach HaKodesh está em conformidade com o papel do Ruach na criação e na redenção;
  • Os rabinos reconheceram que o nascimento do Messias seria milagroso;
  • A Kabbalah ensina que o Messias vem emanado da Luz Infinita, e seu nascimento é um ato criativo do Alto, não apenas biológico;
  • A concepção virginal, portanto, não é invenção cristã ou helenista, mas profundamente enraizada na tradição judaica mais elevada.
PARTE 8 — EXPRESSÕES COMO “O PAI E A MÃE DO MENINO” EM LUCAS 2: USO CULTURAL, IDIOMÁTICO E CONTEXTO SEMÍTICO
O argumento apresentado é que Lucas 2:27, 33, 41-48 se refere a Yosef como "pai" de Yeshua, e portanto isso invalidaria a concepção virginal. No entanto, uma análise contextual, linguística e cultural judaica mostra que:
  • tais expressões são idiomáticas e relacionais, não biológicas;
  • a linguagem cotidiana reconhecia a paternidade social ou legal;
  • e há precedentes bíblicos e rabínicos para esse tipo de designação sem contradição com realidades mais profundas.
8.1 – Os versículos em questão
Aqui estão os principais versos citados:
Lucas 2:27 – “Os pais trouxeram o menino Yeshua ao templo...”
Lucas 2:33 – “Seu pai e sua mãe estavam admirados do que dele se dizia...”
Lucas 2:41-43 – “Seus pais iam todos os anos a Jerusalém...”
Lucas 2:48 – “Teu pai e eu te procurávamos com angústia...”
8.2 – Paternidade legal reconhecida como paternidade plena na cultura judaica
Como vimos na Parte 4, na halachá farisaica do século I:
“Quem cria um filho não seu, é considerado como se o tivesse gerado.” (Talmud Bavli, Sanhedrin 19b)
Portanto, usar o termo “pai” para Yosef é absolutamente legítimo e esperado — ele era o pai legal, protetor e responsável por Yeshua perante a comunidade.
Êxodo 2:10:
“E o menino foi adotado por Bátia, filha de Faraó, e ela lhe deu o nome Moshê, dizendo: ‘Das águas o tirei’.”
Moisés, criado por uma mulher egípcia, é chamado seu filho, ainda que sua mãe biológica fosse Yocheved.
Ester 2:7:
“Mordechai criara Hadassá (Ester)... e ela lhe era por filha.
Embora prima de Mordechai, é chamada sua filha porque ele a criou.
Ou seja: não há contradição alguma em chamar Yosef de “pai” em Lucas, pois ele o era de fato — legal e relacionalmente.
8.3 – Expressões idiomáticas da língua hebraica e aramaica
No hebraico bíblico e no aramaico do Segundo Templo, é comum usar expressões idiomáticas baseadas em papéis sociais, e não apenas em vínculos genéticos. Assim:
  • “Pai” pode significar protetor, chefe de família, responsável legal;
  • “Filho” pode indicar discípulo, seguidor, membro de grupo ou casa;
  • “Mãe” pode significar educadora, cuidadora.
Isso ocorre também em outras passagens:
João 19:26-27:
Yeshua diz a Miriam e ao discípulo amado: “Mulher, eis aí teu filho... Eis aí tua mãe.”
Isso não é literal, mas relacional.
Logo, o uso de “pai e mãe” para Yosef e Miriam não compromete a doutrina da concepção virginal, pois o evangelista não está tratando da origem divina de Yeshua naquele contexto, mas de sua vida relacional e cotidiana.
8.4 – A admiração de Yosef e Miriam (Lucas 2:33): falta de fé?
O texto crítico sugere que se Yosef e Miriam sabiam da origem divina de Yeshua, não deveriam ter se admirado com as palavras de Simeão (Lucas 2:33).
Essa crítica é infundada por dois motivos:
O assombro reverente é típico nas Escrituras, mesmo quando os personagens conhecem o plano de Deus:
  • Gênesis 18:12 – Sara ri de admiração ao saber que dará à luz na velhice;
  • Lucas 1:29 – Miriam mesma se “perturba” ao ouvir o anjo, mesmo antes da concepção;
  • Lucas 2:18 – “Todos os que ouviram se admiraram das coisas ditas pelos pastores.”
A admiração de Yosef e Miriam é admiração diante do cumprimento — não ignorância.
A vida de fé não cancela o espanto espiritual — pelo contrário, ela o intensifica. Os tzadikim sempre se maravilham diante da revelação.
8.5 – “Teu pai e eu te procurávamos...” (Lucas 2:48)
Miriam chama Yosef de “teu pai” — isso mostra apenas linguagem afetiva e social.
Mas Yeshua imediatamente corrige amorosamente esse uso e revela sua origem superior:
Lucas 2:49: “Não sabíeis que me convém estar na casa de meu Pai?”
Aqui, Yeshua distingue claramente entre Yosef, seu pai terreno legal, e o Pai Celestial, sua verdadeira origem — reafirmando a concepção divina.
Conclusão da Parte 8
As expressões “pai e mãe” ou “seus pais” em Lucas são idiomáticas e culturais, não literais biológicas;
  • Na tradição judaica, pais adotivos ou sociais eram tratados plenamente como pais reais;
  • A admiração de Yosef e Miriam não implica ignorância, mas espanto espiritual diante da manifestação da promessa;
  • Yeshua, aos 12 anos, já afirma claramente sua filiação divina, distinguindo-se do uso humano de “pai”.
Portanto, esses versos não anulam a concepção virginal, mas atestam a coerência do evangelho com a cultura semítica e com a identidade legal de Yosef.
PARTE 9 — A SUPOSTA “IGNORÂNCIA” DE MIRIAM EM MARCOS 3:21, 31–35: UMA ANÁLISE RABÍNICA E CULTURAL
O texto crítico alega que Miriam não poderia ter crido na origem divina de Yeshua, pois o teria considerado “fora de si” em Marcos 3:21, e também o teria procurado junto com seus irmãos para detê-lo.
No entanto, uma análise mais profunda revela:
  • Tradições rabínicas de tensão familiar entre tzadikim e suas famílias;
  • A possibilidade de interpretação alternativa e mais precisa do texto grego;
  • O uso teológico do contraste familiar em Marcos para ensinar um princípio espiritual;
  • E a própria postura de Miriam reafirmando sua fé nos momentos mais cruciais da vida de Yeshua.
9.1 – O texto de Marcos 3:21 e 3:31–35
“Quando os seus parentes ouviram isto, saíram para o prender, porque diziam: ‘Está fora de si’.” (Marcos 3:21)
“Chegaram então sua mãe e seus irmãos...” (v. 31)
“E Ele respondeu: Quem é minha mãe e meus irmãos?... aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (vv. 33-35)
A interpretação crítica diz:
“Ora, se Miriam sabia que seu filho era o Messias concebido pelo Ruach, como poderia achá-lo louco?”
Mas essa leitura é rasa, fora do contexto cultural e contrária à evidência textual e histórica.
9.2 – A frase “está fora de si” pode não ter vindo de Miriam
O texto não diz que Miriam foi quem disse que Ele estava fora de si.
O versículo 21 usa o genérico “os seus” (οἱ παρ’ αὐτοῦ – hoi par' autou), que pode significar parentes próximos, seguidores iniciais que não O compreendiam, ou mesmo opositores de Nazaré, cidade de onde Ele era e que O desprezava.
Inclusive, o versículo 31, que menciona explicitamente Miriam, aparece depois, e pode tratar de um evento distinto ou uma chegada posterior com outra intenção.
Hipótese comum entre estudiosos messiânicos e patrísticos:
Miriam teria ido não para detê-lo, mas para protegê-lo de seus irmãos incrédulos, ou por preocupação com sua segurança.
9.3 – Tensão familiar como tema frequente nas Escrituras
Na tradição judaica, é comum que o justo (tzadik) não seja compreendido pelos da própria casa e grandes líderes messiânicos enfrentem rejeição familiar ou comunitária antes de serem reconhecidos.
Tehilim 69:8:
Tornei-me estranho aos meus irmãos, e estrangeiro aos filhos de minha mãe.
Zohar III:276b:
“O Messias será desprezado por sua própria casa antes de ser revelado a Israel.”
Midrash Shemot Rabbah 1:27:
“Moisés foi rejeitado por sua própria casa quando ainda estava no palácio... ninguém via nele a salvação até que Deus o revelou no deserto.”
Isso se aplica a Yeshua: sua manifestação plena viria no tempo certo, mas até seus irmãos não criam nele (cf. João 7:5).
9.4 – Miriam permaneceu fiel: sua presença no Gólgota e em Atos
O mais importante é o testemunho de toda a Escritura sobre a fidelidade de Miriam, que jamais é retratada como apóstata ou incrédula.
João 19:25:
“Junto à cruz de Yeshua estava sua mãe...”
Enquanto todos os discípulos (exceto João) haviam fugido, Miriam permaneceu com Ele até o fim.
Atos 1:14:
“Todos perseveravam unânimes em oração... com as mulheres, com Miriam, mãe de Yeshua, e com seus irmãos.”
Miriam é contada entre os discípulos no cenáculo, orando e aguardando o Ruach HaKodesh, após a ascensão de Yeshua.
Lucas 1:46-48:
“Minha alma engrandece ao Senhor... desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada.”
As palavras de Miriam no Magnificat não pertencem a uma mulher cega — mas a uma navi’ah (profetisa), consciente do papel cósmico de seu Filho.
9.5 – Marcos 3:31-35 como lição espiritual, não desprezo familiar
Quando Yeshua diz:
“Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos? Aquele que faz a vontade de Deus...”
Ele não rejeita literalmente sua família, mas estabelece a dimensão espiritual da nova família messiânica — como era comum no ensino rabínico:
Avot 1:6:
“Faça de si um Rav, compre um amigo, e julgue cada pessoa favoravelmente.”
Zohar II:131a:
“Quem anda nos caminhos do Eterno, é considerado filho do Altíssimo, irmão do Rei, e habitante da casa sagrada.”
Portanto, essa passagem não invalida a fé de Miriam, mas exalta o novo vínculo espiritual fundado na obediência ao Pai.
Conclusão da Parte 9
Marcos 3:21 não afirma que Miriam disse que Yeshua estava fora de si — a frase pode ter vindo de seus irmãos ou de outros parentes;
  • Tensão familiar é comum nas histórias dos profetas e do Messias, segundo os salmos e midrashim;
  • Miriam nunca é retratada como incrédula, mas sim como fiel até a morte e além da ressurreição;
  • O ensino de Yeshua sobre “quem é minha mãe” é uma lição espiritual, não um desprezo pessoal;
Portanto, o argumento de que “Miriam não acreditava em Yeshua” é infundado, anacrônico e contrário ao testemunho das Escrituras e da tradição.
PARTE 10 — YESHUA COMO DESCENDENTE DE DAVI E DE BELÉM: RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES DE JOÃO 7, APOCALIPSE 22 E ÀS PROFECIAS MESSIÂNICAS
10.1 – O argumento levantado
“Vem o Messias da Galileia? Não diz a Escritura que o Ungido vem da descendência de Davi, e de Belém?” (João 7:41-42)
A crítica aqui é dupla:
Yeshua teria vindo da Galileia, e não de Belém;
Sua declaração em Apocalipse 22:16 (“Raiz e Gênero de Davi”) seria incompatível com um nascimento virginal.
Mas ambos os pontos estão mal interpretados ou baseados em desconhecimento do contexto histórico e linguístico das Escrituras.
10.2 – Yeshua nasceu em Belém, como profetizado
A crítica parte de uma falsa premissa: de que Yeshua era da Galileia por nascimento.
Porém, os evangelhos afirmam claramente que Ele nasceu em Beit-Lechem (Belém), conforme a profecia messiânica de Miquéias 5:1 (5:2 nas Bíblias cristãs):
Mateus 2:1: “Tendo nascido Yeshua em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes...”
Lucas 2:4-6: “Subiu também Yosef da Galileia, de Nazaré, à Judeia, à cidade de Davi chamada Belém... e estando ali, chegou o tempo de dar à luz.”
Miquéias 5:2: “E tu, Belém Efrata... de ti sairá o que será Senhor em Israel, cujas origens são desde os dias da eternidade.”
Esse texto era reconhecido como messiânico pelos próprios rabinos:
Targum de Miquéias 5:2: “De ti sairá diante de Mim o Messias, para reinar sobre Israel.”
Midrash Bemidbar Rabbah 13:14: “O Rei Messias... nascerá em Belém, e de lá sua luz será revelada ao mundo.”
Portanto, Yeshua nasceu exatamente no lugar profetizado — mas cresceu em Nazaré da Galileia, o que causava confusão entre os que não conheciam sua origem verdadeira.
10.3 – João 7:41-42 reflete o desconhecimento da multidão
A passagem em João 7 não é uma afirmação doutrinária, mas um relato da confusão das pessoas:
“Uns diziam: Este é o Messias... outros: Vem, pois, o Messias da Galileia?” (João 7:41)
Esse é um registro histórico da ignorância do povo, que não sabia onde Yeshua havia nascido. Tanto é que nenhuma refutação é apresentada por Yeshua nesse momento, pois o propósito do evangelista é mostrar o preconceito e a cegueira das autoridades, não a falta de qualificação de Yeshua.
10.4 – “Raiz e Descendente de Davi” (Apocalipse 22:16) e o nascimento virginal
“Eu, Yeshua, sou a Raiz e a Geração (γένος) de Davi.” (Ap 22:16)
O crítico afirma que esse versículo é incompatível com a origem sobrenatural de Yeshua, pois “descendente” pressupõe pai biológico. Isso é um equívoco linguístico e teológico.
A palavra grega γένος (génos) significa:
  • descendência por família, clã ou linhagem tribal;
  • pertencente à casa de alguém, sem exigir paternidade biológica direta.
Exemplo: Paulo diz ser “da tribo de Benjamim” (Rm 11:1) — embora tenha nascido séculos depois. Isso é gênos, não genética.
Da mesma forma:
  • Yeshua é da casa de Davi por linhagem tribal (Miriam);
  • e da linhagem legal de Davi (Yosef);
  • além de ser a “raiz” de Davi, porque é preexistente e divino, anterior até mesmo ao rei Davi.
Salmo 110:1:
“Disse o Eterno ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita...”
Davi chama o Messias de “meu Senhor” — portanto, o Messias é anterior a Davi, raiz e fruto ao mesmo tempo.
Zohar I:25b:
“O Messias é a raiz das almas dos justos — ele é antes de Davi e também seu descendente.”
Midrash Tehilim 80:1:
“Ó Pastor de Israel, que guia Yossef como um rebanho... levanta o renovo de tua mão direita, o filho do homem que fortaleceste.”
Interpretação rabínica: esse “filho do homem” é o Messias, sustentado pela mão direita de Deus desde a eternidade.
10.5 – O Messias é tanto “filho de Davi” quanto “Senhor de Davi”
Essa tensão é abordada pelo próprio Yeshua em:
Mateus 22:42-45: “Como pode o Messias ser filho de Davi, se Davi o chama de Senhor?”
Essa não é uma negação da descendência davídica, mas uma revelação de sua origem superior:
  • Yeshua é filho de Davi por linhagem real e biológica;
  • Mas também é Senhor de Davi, pois procede de Deus antes da criação.
Zohar I:145b:
“O Rei Messias estava diante de Deus antes da criação, e Dele procede como a luz do olho do Pai... e desce ao mundo para revelar a glória do Nome.”
Conclusão da Parte 10
Yeshua nasceu em Belém, como as Escrituras e a tradição rabínica exigem;
  • As dúvidas expressas em João 7:41-42 são fruto de ignorância popular, não de falha teológica;
  • O termo “Raiz e Gênero de Davi” confirma a dupla natureza do Messias — pré-existente (divina) e descendente humano (legal e biológico);
  • Os rabinos também afirmavam que o Messias seria anterior a Davi e de sua casa ao mesmo tempo;
  • A crítica moderna perde de vista a riqueza espiritual, escatológica e cabalística que envolve essas declarações.
PARTE 11 — LUCAS 3:22 E A FRASE “HOJE EU TE GEREI”: ANÁLISE TEXTUAL, DOUTRINÁRIA E RABÍNICA
11.1 – A controvérsia textual
Texto padrão de Lucas 3:22 (baseado na maioria dos manuscritos):
“Tu és meu Filho amado, em ti me agrado.”
Mas Bart Ehrman e outros críticos afirmam que a forma mais antiga (presente em códices como Bezae, alguns manuscritos latinos antigos e citações patrísticas dos séculos II–III) seria:
“Tu és meu Filho, hoje eu te gerei.”
Essa frase ecoa Salmo 2:7:
“Tu és meu Filho; hoje te gerei.”
Segundo esses críticos, essa forma indicaria que Yeshua só se tornou “Filho de Deus” em seu batismo — uma teologia adocionista (que nega a preexistência divina de Yeshua).
Vamos agora analisar esse ponto sob três perspectivas: textual, doutrinária e judaica.
11.2 – Crítica textual: qual é o texto mais confiável?
Os manuscritos mais antigos e confiáveis de Lucas 3:22 (como o Códice Sinaítico, o Vaticano e o Alexandrino) trazem a leitura tradicional:
“Tu és meu Filho amado, em ti me agrado.”
Segundo Bruce Metzger (mentor de Bart Ehrman e um dos maiores especialistas em crítica textual do século XX):
A leitura ‘hoje te gerei’ pode ser secundária — uma tentativa dos escribas de harmonizar Lucas com Salmo 2:7 ou com uma cristologia adocionista emergente.” (Textual Commentary on the Greek New Testament, Bruce Metzger)
Além disso:
O próprio Lucas já havia declarado anteriormente, em Lucas 1:35, que o ente que nasceria de Miriam já seria chamado Filho de Deus antes do nascimento: “...o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.
Ou seja, Lucas não defende uma cristologia adocionista, mas reconhece a filiação divina desde o ventre.
Portanto, mesmo que a variante "hoje te gerei" tenha existido em círculos locais, ela não representa a forma autêntica ou original da intenção de Lucas, que é claramente encarnacional, não adocionista.
11.3 – A citação de Salmo 2:7 não implica origem no batismo
A frase “Tu és meu Filho, hoje te gerei” (Salmo 2:7), que aparece em algumas variantes de Lucas 3:22, não se refere a uma geração cronológica, mas sim a uma declaração de entronização régia.
Salmo 2:6-7: “Eu constituí o meu Rei sobre Sião... Tu és meu Filho, hoje te gerei.
No contexto hebraico, o “hoje” se refere ao dia da unção real, e a “geração” é metáfora para adoção régia e declaração pública de filiação, como reconhecido por diversos rabinos e estudiosos:
Midrash Tehilim 2: “'Hoje te gerei' refere-se ao dia em que o Rei Messias será revelado publicamente diante de todas as nações.”
Assim, se a variante em Lucas 3:22 refletisse “hoje te gerei”, ela não negaria a preexistência ou origem divina, mas indicaria o início do ministério público do Messias como Rei designado de Deus — um entendimento perfeitamente compatível com a teologia judaico-messiânica.
11.4 – A Kabbalah e o conceito de geração espiritual
A Kabbalah ensina que o Mashiach já existia antes da criação, mas em estado oculto (he'elem) — e sua revelação em momentos chave da história é chamada de “nascimento messiânico” ou “geração no mundo inferior”.
Zohar I:145b: “O Rei Messias foi ocultado no seio da Luz do Eterno... mas no tempo designado será gerado no mundo de Assiyah para resgatar Israel.”
Rabi Moshe Chaim Luzzatto (Ramchal), em Da'at Tevunot: “O Messias é conhecido diante do trono divino, mas em certo dia será revelado como gerado no mundo, ainda que eternamente Filho.”
Assim, “geração” no batismo pode ser vista como revelação de sua identidade, não início de sua existência.
11.5 – A doutrina da filiação eterna é atestada em outros textos de Lucas
Mesmo dentro do próprio Evangelho de Lucas, temos afirmações claras da origem divina de Yeshua antes do batismo:
  • Lucas 1:35 – “O ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”
  • Lucas 2:49 – “Devo estar na casa de meu Pai”
  • Lucas 9:35 – “Este é o meu Filho, o Escolhido” (na transfiguração, pós-batismo)
Logo, qualquer sugestão de que Lucas cria numa “adoção no batismo” contraria seu próprio testemunho interno.
Conclusão da Parte 11
A leitura “Tu és meu Filho amado, em ti me agrado” é a mais confiável textual e historicamente;
  • A variante “Hoje te gerei” — ainda que presente em alguns manuscritos — não ensina adoção, mas entronização régia, como em Salmo 2;
  • A Kabbalah ensina que o Mashiach tem existência pré-criacional, mas se manifesta em momentos designados como "nascimentos místicos";
  • O próprio Lucas reconhece a filiação divina antes do nascimento físico, o que anula qualquer leitura adocionista de seu evangelho;
Portanto, não há contradição nem corrupção teológica nos relatos do batismo — apenas revelações em níveis progressivos.
PARTE 12 — REFUTANDO BART EHRMAN: OS ERROS DA CRÍTICA TEXTUAL RADICAL E A FIDELIDADE DOS TEXTOS DA BRIT CHADASHÁ À TRADIÇÃO JUDAICA E MESSIÂNICA
O texto crítico que estamos refutando cita longamente Bart D. Ehrman, sugerindo que:
  • os Evangelhos foram manipulados nos séculos II e III;
  • a teologia messiânica (filiação divina, nascimento virginal, divindade de Yeshua) é tardia e forjada;
  • textos como Lucas 2:33, 2:43 e 3:22 teriam sido alterados contra grupos "adocionistas".
Essa crítica é popular, mas teologicamente rasa, metodologicamente falha e historicamente refutada — inclusive por outros estudiosos seculares.
12.1 – Quem é Bart Ehrman?
Bart Ehrman é um respeitado acadêmico na área de crítica textual, mas:
  • Ele não é crente (é agnóstico);
  • Parte de uma hermenêutica de desconfiança;
  • Sua obra visa desestabilizar a fé tradicional em favor de uma abordagem relativista.
Embora conheça os manuscritos, sua interpretação deles é fortemente enviesada, muitas vezes tirando conclusões que extrapolam os dados.
O próprio Bruce Metzger, seu mentor, discordou de muitas de suas conclusões, dizendo:
“As variações nos manuscritos não afetam nenhuma doutrina central da fé.” (The Text of the New Testament, Metzger & Ehrman, mas Metzger isoladamente mantém essa posição)
12.2 – Os textos da Brit Chadashá são os mais bem preservados da Antiguidade
Há cerca de 5.800 manuscritos gregos do Novo Testamento, e mais de 19.000 em outras línguas (latim, copta, siríaco, armênio, georgiano, etc.).
Para comparação:
  • Platão: ~7 manuscritos;
  • Aristóteles: ~49 manuscritos;
  • Homero: ~600 manuscritos.
Nenhuma obra antiga possui tanta documentação manuscrita, tão cedo e tão ampla como os Escritos Nazarenos.
Além disso, a comunidade judaico-messiânica do século I tinha profundo respeito pela tradição oral e textual, herdado do próprio Judaísmo rabínico.
Avot 1:1: “Moisés recebeu a Torá no Sinai, e a transmitiu a Yehoshua...”
Essa cultura de preservação cuidadosa da palavra influenciou diretamente os primeiros talmidim de Yeshua.
12.3 – A teologia da filiação divina e da preexistência de Yeshua é primitiva, não tardia
Ehrman afirma que ideias como o nascimento virginal, divindade de Yeshua e preexistência foram invenções tardias. Isso contradiz as fontes mais antigas, como:
Hinos Cristológicos Primitivos:
  • Filipenses 2:6-11 (provavelmente hino anterior a Paulo): “Sendo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus...”
  • Colossenses 1:15-17:“Imagem do Deus invisível... Nele foram criadas todas as coisas...”
  • João 1:1-14:“No princípio era o Logos... tudo foi feito por meio dele... o Logos se fez carne.”
Esses textos refletem teologia elevada desde os anos 30–50 d.C., não séculos depois.
12.4 – As supostas alterações textuais não afetam a mensagem
Ehrman aponta diferenças como:
  • “Pai e mãe” vs. “Yosef e sua mãe” (Lucas 2:33);
  • “Seus pais” vs. “Yosef e sua mãe” (Lucas 2:43);
  • “Hoje te gerei” vs. “Filho amado” (Lucas 3:22).
Essas variações são reais, mas:
  • São minoritárias nos manuscritos;
  • São bem documentadas pela crítica textual;
  • Não alteram o sentido essencial do texto;
  • Podem ser explicadas como tentativas de clarificação, não manipulação ideológica.
Bruce Metzger: “As alterações são pequenas, marginais, e não removem doutrina nenhuma.”
Além disso, as ideias que teriam sido “inseridas” (como a concepção virginal) estão em múltiplos evangelhos, epístolas e hinos — não poderiam ter sido adicionadas depois sem coerência literária completa.
12.5 – A tradição judaica confirma a possibilidade de revelação progressiva
A ideia de que a verdade pode ser revelada em etapas — e progressivamente esclarecida — não contradiz a Torá nem o Judaísmo:
Provérbios 4:18: “O caminho dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.”
Zohar I:47a: “O Eterno revela Seu segredo aos que O temem, por porções, como maná — um pouco cada dia.”
Logo, não há problema teológico se certos títulos messiânicos foram compreendidos mais plenamente após a ressurreição — como acontece em qualquer tradição revelacional.
Conclusão da Parte 12
Bart Ehrman levanta críticas exageradas e conclusões não justificadas por seus próprios dados;
  • A crítica textual moderna confirma a fidelidade da Brit Chadashá em grau superior a qualquer outro texto antigo;
  • As doutrinas da divindade, nascimento virginal e preexistência de Yeshua são primitivas, não invenções tardias;
  • A tradição judaica aceita a revelação em etapas, e a preservação fiel do que é sagrado — o que os primeiros discípulos fizeram;
Logo, os argumentos que tentam desacreditar o texto do Novo Testamento fracassam tanto historicamente quanto espiritualmente.
PARTE 13 — ISAÍAS 7:14, 9:6 E A CONCEPÇÃO VIRGINAL DO MASHIACH: UMA LEITURA MESSIÂNICA E CABALÍSTICA
13.1 – Relembrando Isaías 7:14
“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a almah conceberá e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Imanu-El (Deus conosco).”
Pontos-chave:
  • A palavra עַלְמָה (almah), como visto, pode sim implicar virgindade;
  • A concepção é um “sinal” dado pelo próprio Eterno, o que exclui uma gravidez comum;
  • O nome Imanu-El (עִמָּנוּ אֵל) significa “Deus conosco”, o que já aponta uma presença divina encarnada, e não um simples nascimento profano.
Midrash Shir HaShirim Rabbah 1:4:
“Quando o nome do Messias for revelado, o Nome de Deus estará com ele, pois está escrito: Imanu-El.”
13.2 – Isaías 9:6-7 (hebraico 9:5-6): os títulos do filho prometido
“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; e o governo estará sobre seus ombros. E o seu nome será: Pele Yoetz, El Gibor, Avi Ad, Sar Shalom.”
Tradução literal do hebraico:
“Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
Esses títulos não são metáforas — são designações reais dadas ao menino que nasce.
Targum de Isaías 9:5: “E seu nome será chamado por Aquele que faz maravilhas, o Conselheiro, o Deus Poderoso... o Messias, em cujos dias a paz será aumentada sobre nós.”
Destaques:
  • O menino é chamado de “El Gibor” (Deus Poderoso) — título usado também para o próprio Eterno em Isaías 10:21;
  • É “Pai da Eternidade” (אֲבִי-עַד), origem de tudo que é eterno;
  • Isso é completamente incompatível com um simples mortal, e aponta para natureza divina manifesta no nascimento messiânico.
13.3 – O Zohar e a concepção sobrenatural do Mashiach
Zohar I:25b: O Messias foi criado antes do mundo... escondido sob o trono da glória, e no tempo designado, descerá e nascerá de uma mulher purasobre quem repousará o Espírito Santo.
Zohar II:120a: Aquela que dará à luz o Messias será cercada pela Shechiná, e uma luz do Santo a cobrirá.
Zohar III:173b: “A alma do Rei Messias vem do mais alto dos céus... e no mundo físico se revestirá de carne, mas sua origem não é deste mundo.
Esses trechos cabalísticos demonstram claramente:
  • O Messias preexiste ao mundo;
  • Nascerá de forma não ordinária, cercado pela Shechiná (Presença Divina);
  • Sua alma é de origem celestial, mas encarnada por desígnio divino.
13.4 – Síntese messiânica: os quatro níveis de leitura (PaRDeS)
A interpretação messiânica da concepção virginal está coerente com os quatro níveis de exegese judaica (PaRDeS), Assim, a concepção virginal é legítima em todos os níveis da tradição judaica — profética, textual, mística e escatológica.
13.5 – O papel do Ruach HaKodesh como “sombra” criadora (Lucas 1:35)
“O Ruach HaKodesh virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra...”
Essa linguagem remete a:
  • Gênesis 1:2 – “E o Espírito pairava sobre as águas...”
  • Êxodo 40:35 – “A nuvem cobria o Tabernáculo, e a glória do Senhor o enchia...”
  • Salmo 91:1 – “À sombra do Shaddai descansará...”
Ou seja: o nascimento de Yeshua é apresentado como um novo Gênesis, um novo Mishkan (Tabernáculo) onde a Glória de Deus habita corporalmente.
Colossenses 2:9: “Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.”
Conclusão da Parte 13
  • Isaías 7:14 profetiza um sinal sobrenatural, não um parto comum;
  • Isaías 9:6 apresenta o Messias como Deus Poderoso e Pai da Eternidade — títulos divinos atribuídos ao menino que nasce;
  • O Zohar e os Midrashim ensinam que o Messias nascerá envolto pela Shechiná, sem intervenção sexual, com origem celestial;
  • O Ruach HaKodesh é o agente criador do novo “Adão” — o Mashiach;
Toda essa concepção é coerente com a tradição judaica mística e profética — a concepção virginal de Yeshua não é invenção cristã, mas cumprimento da esperança messiânica do Judaísmo profundo.